Igreja: «Cultura ocupa lugar quando promove a dignidade humana», diz responsável português na Santa Sé

D. Carlos Azevedo participou em fórum internacional dedicado ao setor, no Centro Cultural de Belém

Lisboa, 15 abr 2015 (Ecclesia) –D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura, destacou hoje em Lisboa “a missão” que a Igreja Católica tem de assumir na defesa do “primado” das “pessoas sobre as coisas” e dos “valores sobre os consumos”.

“Há temas emergentes, no debate cultural e na vida social, para os quais é necessário uma resposta interdisciplinar que, iluminada pelo Evangelho, oriente os cristãos, todos os seres humanos, no pensar e no agir e os tornem capazes de dialogar com todos. O futuro da humanidade depende disso”, salientou o prelado português no primeiro dia do fórum internacional ‘O Lugar da Cultura’.

A iniciativa, promovida pela Secretaria de Estado da Cultura, está a decorrer até sexta-feira no Centro Cultural de Belém e pretende ajudar a refletir sobre o papel que a cultura tem na construção e desenvolvimento das sociedades modernas. 

Para D. Carlos Azevedo, “a cultura ocupa o seu lugar quando promove a dignidade humana, educa para a personalidade e a identidade, para a contemplação e para o sentido profético da religião”.

Neste sentido, o bispo denunciou aquela que considera ser “uma conceção naturalista e imanentista” que hoje pretende reduzir a condição humana “à natureza e à matéria”.

Desta forma, “ficaria ausente a dimensão transcendente fundamental para a visão integral da vida”, frisou aquele responsável, que apontou também para desafios como os avanços científicos e tecnológicos, na circulação de informação e de comunicação, os quais conduziram a sociedade moderna a negligenciar a “visão antropológica” e a consciência dos seus “limites”.

Esse “esquecimento” levou à emergência “de uma ilusão de avanço crescente e ilimitado, mentalidade subjacente ao desastre do capitalismo desenfreado e de uma violência selvagem que vemos no nosso tempo”.

"A ciência e a técnica não apagam a sede de felicidade inscrita no coração humano. Este será um elemento para a inculturação da fé", frisou D. Carlos Azevedo

“A questão antropológica é de grande importância estratégica como lugar de encontro das diversas problemáticas culturais pós-modernas. É fundamental para elaborar um projeto sobre o futuro da sociedade”, considerou ainda.

Além da religião, vão ser levados a debate áreas como a política, a economia, a arte, a literatura, a ciência e a tecnologia.

O fórum internacional “O Lugar da Cultura”, que pode ser acompanhado online, conta com a presença do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, do presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins, e do ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário de Sousa Mendes.

Destaque ainda para a participação de outros especialistas como o político e juiz Álvaro Laborinho Lúcio, o ensaísta José Bragança de Miranda e o economista checo Tomáš Sedlá?ek.

JCP

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Agência ECCLESIA

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