Igreja/Cultura: Morreu o artista plástico Manuel Cargaleiro, membro do Movimento de Renovação da Arte Religiosa

Bispo de Setúbal agradece percurso que deixou marca no património religioso

Foto: Luís Ferreira Igreja de São Tomás de Aquino, Lisboa

Lisboa, 01 jul 2024 (Ecclesia) – O artista plástico Manuel Cargaleiro, que integrou o Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR) nos anos 50 do século XX, faleceu este domingo aos 97 anos de idade.

Em nota de pesar, o bispo de Setúbal, cardeal D. Américo Aguiar, recorda o legado do “mestre Cargaleiro” no património religioso da diocese sadina.

“O artista tem vários trabalhos seus nas igrejas da diocese de Setúbal, o que muito nos orgulha e enriquece o património religioso da diocese”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

D. Américo Aguiar explica que, em fevereiro foi feita encomenda de um painel evocativo dos 50 anos da Diocese de Setúbal, “que será agora inaugurado no céu”.

“Várias obras do Mestre Cargaleiro estão presentes em comunidades paroquiais sadinas e no Seminário de S Paulo de Almada. Obrigado, Mestre Cargaleiro. Deus o acolha na sua Misericórdia e lhe retribua todo o seu bem fazer e as suas criações artísticas de beleza”, declara o bispo sadino.

Manuel Cargaleiro juntou-se ao Movimento de Renovação de Arte Religiosa (MRAR) após a fundação, ocorrida em 1953, como um dos primeiros sócios efetivos a ser admitidos, em 1955.

Após a mudança para Paris, viria a afastar-se da vida ativa deste movimento, que começou a sua ação apoiado numa ‘Exposição de Arquitetura Religiosa Contemporânea’, vindo a reunir, ao longo de década e meia, vários arquitetos e artistas plásticos em Portugal, como Nuno Teotónio Pereira, João de Almeida, Diogo Pimentel, Nuno Portas, Luís Cunha, Erich Corsepius, Madalena Cabral, Formosinho Sanchez, Manuel Costa Cabral, Eduardo Nery e Jorge Vieira, entre outros.

O leque de interesses do movimento acabaria por alargar-se ao campo da música sacra, ourivesaria e paramentaria.

O Governo decretou um dia de luto nacional para terça-feira, dia do funeral de Manuel Cargaleiro.

O velório decorre na Igreja de São Tomás de Aquino (Lisboa), a partir das 18h00 desta segunda-feira.

Em 2020, o artista plástico ofereceu um painel de azulejos a esta paróquia do Patriarcado de Lisboa, representando uma “cruz desconstruída”.

O painel, realizado na Fábrica Viúva Lamego, foi colocado ao longo das laterais da Capela da Misericórdia.

Na cerimónia de inauguração, Manuel Cargaleiro falou da sua vontade de “fazer esta riqueza para Deus”, como “uma pessoa simples que faz o ramo mais bonito”.

“Fazer isto é como escrever uma oração”, referiu então.

O presidente da República Portuguesa recorda que o ceramista e pintor “deixou a sua assinatura em igrejas, jardins ou estações de metro, e em inúmeras peças tão geométricas e cromáticas como as de outros artistas cosmopolitas que viveram em Portugal”.

Marcelo Rebelo de Sousa condecorou Manuel Cargaleiro em 2017, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2023, com a Grã-Cruz da Ordem de Camões.

Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, evocou, por sua vez, “um legado essencial para a arte portuguesa”.

OC

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