Igreja/Cultura: Humor, mistério e compromisso para (re)compreender figura de Jesus

Dia Nacional da Faculdade de Teologia reuniu Assunção Cristas, Pedro Mexia e Maria Rueff com professores e alunos

Lisboa, 20 mai 2016 (Ecclesia) – A atriz Maria Rueff desafiou hoje os alunos da Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa a “devolver” às palavras de Deus as dimensões de “humor”, “alegria” e “bondade genuína”.

A intervenção decorreu durante a celebração do dia nacional da FT, em Lisboa, num momento denominado ‘Conversas improváveis’ sobre Jesus que reuniu ainda a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, e o comentador Pedro Mexia.

Maria Rueff começou por brincar, ao dizer que está na “pré-primária da Bíblia” e convidou os presentes a “ler o que está no subtexto”.

Nesse sentido, advertiu para algum excesso de “solenidade” com que se trata a Palavra de Deus.

“Não estou a dizer que se desrespeite, pelo contrário, mas temos de pôr de parte essa solenidade e olhar para as palavras reais que lá estão”, explicou.

Num colóquio em tom informal, durante mais de uma hora, a iniciativa reuniu alunos, professores e funcionários dos três núcleos da FT, em Lisboa.

Partindo do tema ‘Quem é este homem? – Jesus como interrogação e provocação’, Pedro Mexia, conselheiro cultural do presidente da República, assinalou que pode existir uma “proximidade” tão grande com esta figura que faça “perder a perspetiva” e transformar a fé, a Bíblia, numa espécie de “móvel lá de casa”.

Para o cronista, é necessário contrariar a ideia de “excesso de familiaridade” com Jesus e disse mesmo que alguns não-crentes têm uma “relação mais ativa com a figura de Cristo do que às vezes os crentes”.

A ressurreição, acrescentou, é um acontecimento não “negociável”, porque essa é a “diferença” fundamental com outras propostas filosóficas e evita a mera “relação decorativa” com Jesus.

Mexia recordou algumas representações cinematográficas de Jesus Cristo com as quais não é possível “relacionar-se”.

“De quê nos serve um modelo que não foi tentado?”, questionou.

O comentador recordou, depois, a ideia de “estranheza” está presente em várias passagens da Bíblica, que considerou “menos lisas”.

A “grande debandada” das Igrejas tradicionais tem a ver com a procura de “conforto, segurança”, rejeitando um “edifício conceptual”, a Teologia.

“Para ter bons sentimentos, há ONG que dão menos trabalho do que o Cristianismo”, gracejou.

Assunção Cristas, por sua vez, sublinhou a “proximidade” com Jesus, que viveu a experiência humana, no qual vê um “mistério permanente”.

“Jesus é também uma personagem intrigante, misteriosa, que nos convoca”, desenvolveu.

A líder do CDS-PP mostrou a sua admiração pelo relacionamento de Jesus com as “histórias”, as parábolas, a narrativa, numa abordagem “muito delicada”.

“É uma forma em que cada um está livre de fazer a sua próxima interpretação”, assinalou.

Assunção Cristas entende que falta “disponibilidade” para seguir propostas mais radicais, com uma exigência centrada “nos outros” e não em si próprio.

“A proposta de Jesus é muito radical, Jesus não veio simplesmente para nos sossegar”, referiu.

O Dia Nacional da Faculdade de Teologia reúne em Lisboa cerca de 300 pessoas e inclui, esta tarde, visitas culturais e uma Eucaristia no Mosteiro dos Jerónimos, presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa e magno chanceler da UCP, D. Manuel Clemente.

OC

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Agência ECCLESIA

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