Caminho de Santiago e recuperação de quadro roubado dão prémio ao diretor do Departamento do Património da diocese de Beja
Lisboa, 23 nov 2011 (Ecclesia) – A divulgação das rotas portuguesas para Santiago de Compostela, a recuperação de um quadro roubado e a promoção da arte francesa em Portugal e da portuguesa em França valeram a José António Falcão uma distinção do Estado gaulês.
A Medalha da Juventude e dos Desportos, atribuída a 14 de julho, dia da República Francesa, vai ser entregue hoje na representação diplomática gaulesa em Lisboa, com a presença do embaixador, em cerimónia agendada para as 19h00, adiantou o premiado.
“Por aquilo que me foi comunicado, a condecoração deve-se ao trabalho que eu tenho vindo a fazer, juntamente com a minha equipa, no âmbito do caminho de Santiago”, disse à Agência ECCLESIA o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da diocese de Beja.
O arquiteto sublinha o “esforço muito grande” que tem sido realizado “junto da juventude, sobretudo com voluntários”, na preservação e recuperação do património da diocese católica, nomeadamente na promoção da rota que atravessa a diocese em direção a Santiago de Compostela, importante centro de peregrinação cristã.
O “mais importante” da distinção é que ela constitui “um sinal de que aquilo que está a ser feito no Alentejo não passa despercebido às autoridades francesas”, que quiseram realçar “que o trabalho é relevante e deve ser continuado”, acentuou.
José António Falcão salienta o empenho do seu departamento para que “a região entre nas grandes rotas culturais e artísticas da Europa”, nomeadamente através do Caminho de Santiago, “claramente” o “primeiro itinerário cultural” do Velho Continente.
“O aspeto mais delicado” da condecoração foi a recuperação do estudo de uma das “obras-primas da arte francesa”, ‘A Morte de Sardanápalo’, do pintor francês Eugène Delacroix (1798-1863), roubado em 1988 da Casa dos Patudos, em Alpiarça.
“Com muita persistência conseguiu-se que essa e outras peças voltassem a Portugal”, explicou o especialista em património religioso, que trabalhou no museu entre 1993 e 1995 como conservador, e de 2003 a 2008 como diretor.
A obra viria a ser recuperada pela polícia italiana em 1995, no interior de uma igreja abandonada de Milão, que servia de esconderijo para peças furtadas.
“Este feito motivou um louvor do diretor do Louvre” a José António Falcão, “já que o museu parisiense possui outra versão, considerada a definitiva, da mesma obra”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
A medalha, cuja atribuição foi divulgada em setembro no jornal oficial da República Francesa, distingue também o “trabalho no campo da investigação e salvaguarda da arte francesa em Portugal”, bem como “a promoção da arte portuguesa em França”, referiu José António Falcão.
A condecoração é concedida a personalidades que “se notabilizaram, de uma maneira particularmente honrosa, ao serviço da educação física e dos desportos, dos movimentos da juventude e das atividades socioeducativas, das colónias de férias e ao ar livre”, assinala a nota de imprensa.
RJM/OC