Distinção da UNESCO pode levar a uma «maior atenção» nas celebrações litúrgicas e divulgar a «missa em fado»
Lisboa, 27 nov 2011 (Ecclesia) – A passagem do fado a património imaterial da humanidade pode dar “mais visibilidade” a esta expressão artística e criar “mais atenção” por parte da Igreja, disse José Campos e Sousa, considerado ‘pai’ da ‘missa em fado’.
O fado foi classificado hoje como Património Cultura Imaterial da Humanidade pelo VI Comité Intergovernamental da UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, em Nusa Dua, na ilha indonésia de Bali.
Ainda antes de conhecer esta decisão, José Campos e Sousa dizia à Agência ECCLESIA esperar que a missa em fado possa ser mais divulgada, porque a música “ajuda imenso a passar a mensagem”, lembrando as experiências já feitas “em todo o país e em Roma (Itália)”.
O projeto nasceu em 1995 e, desde essa altura, anima “pelo menos uma vez por mês” as celebrações na igreja do Sacramento, na cidade de Lisboa.
Atualmente, o grupo está reduzido a José Campos e a Filipa Galvão Teles, mas no início era constituído por mais elementos e quando cantam “a igreja está sempre cheia”.
[[a,d,1902,(emissão 28-03-2011) ]] “Não é uma missa ortodoxamente fadista”, confessa, acrescentando que musicou as orações “tentando não as desvirtuar”.
Durante a celebração, os músicos/cantores atuam no “cântico de entrada («Quando o fado é oração»), a confissão, kyrie, Glória, Aleluia, Credo, Oração sobre os dons, Santo, Pai Nosso, Cordeiro de Deus, Abraço da Paz, Cântico da Comunhão e o Cântico Final”, sublinhou.
Parafraseando Fernando Pessoa «Cantar um poema é dizê-lo duas vezes», José Campos realça que a “música é sempre uma ajuda” porque “algumas pessoas vão à celebração apenas por causa dos cânticos e da música”.
O presidente da República congratulou-se esta tarde com a decisão da UNESCO de designar o fado como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Aníbal Cavaco Silva felicitou todos os que estiveram envolvidos na candidatura, bem como “os fadistas, os poetas, os músicos, os compositores, os estudiosos e todos os que contribuíram para fazer do fado uma melodia universal”.
“Este reconhecimento constitui um motivo de orgulho para todos os portugueses: a partir deste momento, o fado é reconhecido como um património de toda a Humanidade, um valor inestimável no presente e uma herança cultural importante para as gerações futuras”, assinala a mensagem, divulgada pela Presidência da República.
LFS/OC