Igreja/Cultura: Estratégia dos católicos deve articular herança com ousadia, considera bispo responsável pelo setor

Criação não pode limitar-se à «falsa arte de repintes», sublinha D. Pio Alves

Lisboa, 02 mai 2012 (Ecclesia) – O bispo responsável pela relação da Igreja com a cultura, D. Pio Alves, considera que a atuação dos católicos nesta área deve articular a herança de séculos com a ousadia da criação.

A Igreja deve ser capaz “de olhar para o passado com a serenidade de quem se sabe limitado”, escreve o também bispo auxiliar do Porto em artigo publicado hoje no site do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

“Por quê havíamos de ignorar essa realidade? – Por medo? De quê? – Por vanglória? Por quê? Riscar o passado é uma temeridade e uma tremenda injustiça. O passado não é chão para ser calcado, mas alicerce, para aprender e construir sobre ele”, salienta.

Ao responder à pergunta “O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?”, o especialista em autores dos primeiros séculos da era cristã refere que pensar “é um gesto nobre” quando “não procura bodes expiatórios”, permanece “aberto à verdade” e não implica “falsos condicionalismos prévios”.

D. Pio Alves realça que a criação católica no domínio da cultura não pode limitar-se à “falsa arte de repintes ou de retoques de produto de pantógrafo”, já que “criar, em qualquer frente, é ousar, até ao limite, buscar o novo, com todas as linguagens disponíveis”.

“Para que o limite esteja antes do abismo é imprescindível que os pés, as mãos, o coração e a cabeça, o Homem todo, estejam firmemente ancorados na herança”, assinala o bispo, acrescentando que a relação entre “criar”, “manter” e “repensar” a ação da Igreja no âmbito da cultura “deve viver e viver limpa, o mais possível”.

O texto de D. Pio Alves é o mais recente depoimento de um conjunto de artigos sobre a relação da Igreja com o mundo da arte e do pensamento que o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura tem vindo a publicar.

RJM

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