Programa de celebrações evoca «traço único» de sacerdote, nos 25 anos da sua morte

Coimbra, 03 dez 2025 (Ecclesia) – O Seminário Maior de Coimbra acolheu hoje a apresentação oficial do programa comemorativo dedicado a monsenhor Nunes Pereira (1906-2001), que se distinguiu na xilogravura, com um traço que “transborda arte, beleza e esperança”.
“É fácil olhar por uma peça de arte de Nunes Pereira e dizer que é dele pela simplicidade do seu traço, pela beleza que ele contém e a forma como o fez. Há poucos artistas, no contexto religioso, atrevo-me a dizer isso, que tenham tido um traço tão belo e tão marcante como Nunes Pereira”, disse à Agência ECCLESIA Cidália Santos, curadora do Museu-Oficina Mons. Nunes Pereira e uma das impulsionadoras da homenagem, que destaca a singularidade do artista.
A iniciativa, que assinala a dupla efeméride dos 120 anos do seu nascimento e os 25 anos da sua morte, pretende retirar a obra do “padre artista” da esfera puramente religiosa e inscrevê-la na História da Arte nacional.
Sob o lema ‘Nunes Pereira: Do nascimento ao [re]nascimento’, o programa decorre até 9 de dezembro de 2026 e resulta de uma parceria alargada entre o Seminário Maior de Coimbra, o Museu Nacional de Machado de Castro (que assume a coordenação geral) e sete municípios da região Centro onde o sacerdote deixou a sua marca: Pampilhosa da Serra, Arganil, Góis, Lousã, Coimbra, Montemor-o-Velho e Cantanhede.
Para a curadora, o objetivo destas comemorações é educar o olhar do público para que uma xilogravura de Nunes Pereira possa ser apreciada com o mesmo estatuto de uma “grande pintura ou escultura”, pela sua expressividade e pelo “amor com que a fez”.
“Nunes Pereira é uma daquelas pessoas que não pode ser esquecido”, reforça Cidália Santos.

O programa prevê “uma ação a cada mês, em diferentes locais” ao longo de 2026, envolvendo todos os parceiros.
Entre as iniciativas previstas, a entrevistada antecipa a realização de um colóquio inédito sobre o artista e a participação de familiares que com ele conviveram, prometendo “algumas novidades”.
“Estamos a criar um programa para que esta figura seja conhecida, seja trabalhada e que todas as pessoas possam colocar um olhar diferente sobre esta obra e esta pessoa”, conclui a curadora.
Natural da Mata, Fajão (Pampilhosa da Serra), o padre Nunes Pereira (1906-2001) foi um artista autodidata e multifacetado; na Diocese de Coimbra foi pároco em Montemor-o-Velho, em Coja (Arganil) e na Igreja de São Bartolomeu.
A sua produção artística é vasta, abrangendo desde o desenho e a gravura (madeira e metal) até ao ferro forjado, vitral e escultura em xisto.
Em 1995, fixou residência no Seminário Maior de Coimbra, local onde instalou a sua última oficina e onde agora arranca esta homenagem que pretende projetar o seu legado a nível nacional e internacional.
OC
Igreja/Cultura: Monsenhor Nunes Pereira nasceu na serra para a vida e para a arte (c/vídeo)
