Igreja/Cultura: Bibliotecário do Vaticano destaca importância das novas tecnologias

Cardeal Raffaele Farina proferiu conferência inaugural do II Encontro Nacional sobre a biblioteca e o livro em instituições eclesiais

Porto, 25 Mar (Ecclesia) – O bibliotecário-arquivista do Vaticano, cardeal Raffaele Farina, afirmou hoje no Porto que as novas tecnologias são fundamentais no trabalho desenvolvido pelas bibliotecas, mormente no que diz respeito à conservação e a consulta de obras.

“As aplicações tecnológicas, em particular electrónicas, transformaram de modo positivo a relação entre utente e a Biblioteca do Vaticano”, assinalou.

Na conferência inaugural do II Encontro Nacional sobre «A biblioteca e o livro em instituições eclesiais», este responsável destacou a “ajuda das inovações tecnológicas” na “recolha e armazenamento, do melhor modo possível, do património recebido” para a sua transmissão às gerações futuras e a colocação “à disposição da comunidade científica”.

A instituição do Vaticano, “apesar de ser uma biblioteca especializada, para melhorar expandir os serviços oferecidos, abriu-se a novas tecnologias e modernizações, às vezes pioneiras”.

O cardeal italiano, convidado pelo Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja (SNBCI), precisou que “o sentido próprio de cada biblioteca é o de preservar o património herdado, ampliá-lo, se possível, e torná-lo disponível à comunidade”.

“A mediação entre a é, portanto, um verdadeiro desafio”, disse.

Para Raffaele Farina, também o restauro “deve ter em conta o facto de que o livro tem uma dupla função: a de objecto antigo e a de objecto de leitura”.

Falando do trabalho realizado no Vaticano, o cardeal destacou, por exemplo, como “as cópias fotográficas preservam os originais, evitando o atrito e as tensões físicas resultantes da sua utilização”.

“A fotografia, nas suas diversas aplicações, pode mediar entre a conservação e a utilização”, observou.

Para o bibliotecário-arquivista, “digitalizar o património mais valioso” como os cerca de 80 mil manuscritos que a Biblioteca do Vaticano possui “não é uma tarefa simples, ou para ser abordada de ânimo leve, mormente pela enorme quantidade de material envolvido”.

“Mesmo com um cálculo simples pode prever-se a reprodução de perto de 40 milhões de páginas e obter uma quantidade enorme de dados informáticos na ordem dos 45 Petabytes (ou seja, 45 milhões de biliões de Bytes)”, revelou.

Segundo o cardeal Raffaele Farina, os manuscritos da Biblioteca “cobrem praticamente todas as áreas do conhecimento humano” e é acompanhada por “uma riqueza considerável de volumes impressos, cerca de 1,6 milhões, entre antigos e modernos”.

Este responsável aludiu ao recente encerramento ao público da Biblioteca do Vaticano, que durou três anos, destacando as “intervenções fundamentais, de carácter arquitectónico e tecnológico, com vista a aumentar a quantidade e a qualidade dos serviços”.

Esta não é uma “Biblioteca Nacional”, em sentido estrito, mas, como destaca o cardeal italiano, é a “única biblioteca no Estado do Vaticano, que goza de autoridade e fama internacional”.

“É evidente que a Biblioteca Vaticana não é uma biblioteca propriamente teológica ou tão pouco religiosa; é uma biblioteca especializada de vocação histórica-humanista; por conseguinte, uma presença «secular», testemunho da universalidade da cultura dentro do Vaticano”, afirmou.

O bibliotecário-arquivista do Vaticano concluiu a sua intervenção declarando que “a fundação e a persistência da Biblioteca Apostólica” é “um acto de grande coragem”.

OC

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