Igreja/Cultura: Atribuição do Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes é uma «enorme generosidade», afirma Leonor Beleza

Presidente da Fundação Champalimaud lembrou que foi a primeira mulher «com cargos políticos designados no feminino»

Foto Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 24 out 2025 (Ecclesia) – A presidente da Fundação Champalimaud mostrou-se “surpreendida” com a atribuição do Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’, afirmando que é tratada com uma “enorme generosidade”

“O que é de longe mais importante é a minha perceção profunda da enorme generosidade com que sou tratada com este prémio que me é atribuído”, afirmou Leonor Beleza na sessão de entrega do prémio.

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) distinguiu Maria Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, com o Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’, na edição de 2023, elogiando o seu “testemunho convicto de humanismo cristão”.

“Outros olharam para mim e confiaram mais nas minhas capacidades do que eu”, acrescentou a galardoada, num encontro que decorreu no auditório da Fundação Champalimaud.

Na sua comunicação, Maria Leonor Beleza definiu o seu percurso biográfico em torno de três áreas de atuação, nomeadamente a defesa dos direitos das mulheres, a intervenção na vida política e a investigação em saúde.

“Os direitos das mulheres e a preocupação com elas são uma história de toda a vida”, afirmou Leonor Beleza, sublinhando que essas questões “formataram” a sua vida e valorizando a possibilidade de ter podido “colaborar em mudanças” legislativas que contribuiram para a “igualdade entre todos”.

Leonor Beleza recordou o seu percurso na vida política, desde os inícios dos anos 80, lembrando que foi a primeira mulher «com cargos políticos designados no feminino» e disse que a sua intervenção podia ser “representativa daquilo que as mulheres poderiam fazer” no âmbito político.

A respeito da investigação em saúde, Leonor Beleza lembrou que o “emprego mais duro” que teve na vida, ser ministra da Saúde, estará na “origem do maior privilégio”, ser presidente da Fundação Champalimaud.

D. Nuno Brás, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais disse que a atribuição do prémio é uma forma de “homenagear alguém que, sem esconder a condição cristã, ousou o empenho e o contributo para o bem de todos”.

“Queremos agradecer a vida e o exemplo de quem, não sem momentos de sofrimento, abraçou a causa pública, seja no campo político, seja noutro qualquer tipo de intervenção”.

Foto Agência ECCLESIA/PR

“Seja-nos permitido esperar mais deste agir, estar, ser”, acrescentou o bispo do Funchal.

José Carlos Seabra Pereira, diretor do Secretariado Nacional da Cultura, na ocasião da atribuição do Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ a Leonor Beleza, evocou as razões do júri para a atribuição desta distinção, que  “considerou a autenticidade e o compromisso que, desde a juventude estudantil e os inícios de docência universitária (na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 1973-75 e 1977-82) e até aos nossos dias, sempre nortearam o projeto de vida de Leonor Beleza no sentido desse humanismo cristão”.

De acordo com a ata da atribuição do prémio, Leonor Beleza tem “conjugado exemplarmente o estudo e a intervenção, o discernimento ético-social e o saber jurídico, o espírito de comunidade e o serviço público”, recordando as funções políticas como de ministra da Saúde (1985-90), deputada, vice-presidente da Assembleia da República e membro do Conselho de Estado.

O Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ foi criado em 2005 pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, visando destacar “a excelência de personalidades, percursos e obras que refletem o humanismo e a experiência cristã no mundo contemporâneo”.

O júri foi presidido por D. Nuno Brás, bispo do Funchal e responsável pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, sendo constituído por Guilherme d’Oliveira Martins, José Carlos Seabra Pereira, padre José Frazão Correia e Maria Teresa Dias Furtado.

Leonor Beleza é licenciada em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde foi professora assistente; entre os cargos públicos que desempenhou, foi Secretária de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (1982-1983), secretária de Estado da Segurança Social (1983-1985) e ministra da Saúde (1985-1990).

Eleita deputada para a Assembleia da República em diferentes legislaturas, foi vice-presidente do Parlamento entre 1991-1994 e 2002-2005, e é atualmente membro do Conselho de Estado.

Leonor Beleza é presidente da Fundação Champalimaud desde a sua criação, em 2004, por determinação do seu fundador António Champalimaud.

A sessão de atribuição do Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ a Leonor Beleza iniciou com uma intervenção de Isabel Alçada Cardoso, diretora do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, seguindo-se um debate entre Isabel Mota e Guilherme d’Oliveira Martins, moderado por Raquel Abecasis, a intervenção da galardoada, de José Carlos Seabra Pereira e, a encerrar a sessão, de D. Nuno Brás, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

 

O padre Manuel Antunes (Sertã, 1918 – Lisboa, 1985), jesuíta evocado por esta distinção, é considerado um dos pensadores e pedagogos mais notáveis do século XX, tendo sido diretor da revista ‘Brotéria’.

Nas edições anteriores, o Prémio ‘Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes’ galardoou o poeta Fernando Echevarría, o cientista Luís Archer, sj, o cineasta Manoel de Oliveira, a classicista Maria Helena da Rocha Pereira, o político e intelectual Adriano Moreira, o trabalho de diálogo entre Evangelho e Cultura levado a cabo pela Diocese de Beja, o compositor Eurico Carrapatoso, o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, o pedagogo e ex-ministro Roberto Carneiro, o jornalista Francisco Sarsfield Cabral, a artista plástica Lourdes Castro, o professor de Medicina e Bioética Walter Osswald, o encenador e ator Luís Miguel Cintra, o ator Ruy de Carvalho, o historiador José Mattoso, o ensaísta Eduardo Lourenço, o teólogo João Manuel Duque e Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da UCP.

PR
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