Igreja/Crise: «Só nos contos de fadas ou nos filmes de ficção» é que não há sacrifícios, diz porta-voz dos bispos

Medidas de austeridade são «discutíveis» e devem favorecer sempre os mais pobres, afirma padre Manuel Morujão

Fátima, Santarém, 15 jul 2011 (Ecclesia) – Os bispos de Portugal concordam com as medidas de austeridade que poupem os mais pobres e consideram que o imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal vai proteger os desfavorecidos.

“Só nos contos de fadas ou nos filmes de ficção” é que não há sacrifícios, afirmou hoje em Fátima o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), padre Manuel Morujão, no final da reunião do Conselho Permanente daquele organismo.

O sacerdote sublinhou que “tem de haver cortes” e que os impostos devem ser aplicados à “classe média e alta”, e não a quem tem “rendimento mínimo”, aos beneficiários de pensões “que por vezes são de miséria” e aos “desempregados”.

Segundo o Governo, a taxa a aplicar sobre metade do subsídio de Natal acima do salário mínimo vai isentar 60% dos agregados familiares, o que para a Igreja “é uma forma de favorecer os mais fracos”.

O secretário da Conferência Episcopal admite o aumento do número de pobres e aguarda decisões que detenham este crescimento: “Esperemos que o Governo tome medidas que travem a pobreza e ponha em melhor condição os que estão desfavorecidos. É uma urgência de justiça social”.

“Quem está no topo tem de saber olhar para baixo e curvar-se para ver quem está pior, muitas vezes em situação infra-humana”, frisou o padre Manuel Morujão, acrescentando: “Estaremos melhor se os que estão numa situação pior melhorarem”.

O responsável reconhece que as medidas de austeridade são “discutíveis” e admite eventuais reações de protesto: as manifestações realizadas “com espírito democrático são um direito reconhecido pela Doutrina Social da Igreja”.

“A sociedade deve estar aberta às livres expressões quando são um exercício ordeiro de cidadania”, pelo que “todas as autoridades, de qualquer quadrante ideológico, político ou religioso, devem respeitar esse direito”, acrescentou o porta-voz.

Referindo-se aos pedidos de auxílio que têm chegado à Igreja, o sacerdote salientou a importância dos apoios governamentais aos organismos eclesiais de natureza social: “As ajudas que vêm do Estado são importantes porque estão a ajudar aqueles que ajudam”.

O padre Manuel Morujão assinalou que “há muita solidariedade e voluntários que ajudam”: “Estamos no Ano Europeu do Voluntariado e devemos aplaudir as iniciativas que se têm promovido e a generosidade das pessoas”.

O Conselho Permanente do episcopado é um órgão delegado da Assembleia dos bispos católicos, com funções de preparar os seus trabalhos e dar seguimento às suas resoluções, reunindo ordinariamente todos os meses.

A sua constituição é a seguinte: D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa (presidente da CEP); D. Manuel Clemente (vice-presidente), bispo do Porto; padre Manuel Morujão (secretário); D. Jorge Ortiga (vogal), arcebispo de Braga; D. António Marto (vogal), bispo de Leiria-Fátima; D. Gilberto Canavarro Reis (vogal), bispo de Setúbal; D. António Francisco dos Santos (vogal), bispo de Aveiro; D. Manuel Quintas (vogal), bispo do Algarve.

RM

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Agência ECCLESIA

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