Arcebispo de Braga diz que há cada vez mais «estômagos vazios»
Braga, 19 out 2011 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga reconheceu que “não se devem ter ilusões” a respeito da crise em Portugal, porque “existem muitos estômagos que começam a ficar vazios”.
Em declarações à Agência ECCLESIA, à margem do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, esta terça-feira, D. Jorge Ortiga afirmou que “o evangelho é muito claro e diz que não podemos pregar a estômagos vazios” e apela a uma mudança de vida: “Visitar um santuário é uma maneira de passar um domingo descansado e não gastando dinheiro em coisas supérfluas e desnecessárias”.
O prelado bracarense pediu às pessoas para evitarem o consumismo, “não entrando nesses hipermercados que obrigam praticamente a gastar em coisas desnecessárias”.
Comentando o Orçamento de Estado de 2012, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, alerta, por seu lado, para a necessidade de que “a classe política seja a primeira a dizer que está no barco e que quer encontrar soluções”.
“Se os políticos não forem capazes de reduzirem as suas pensões luxuosas, não têm credibilidade para exigir ao povo para apertar o cinto”, acentuou.
Ao falar das pensões luxuosas, o também bispo auxiliar de Lisboa cita o exemplo de um país: “Se um país como a Suíça tem como teto máximo das pensões 1700 Euros, em Portugal não se pode ter pensões de 10 mil e 15 mil euros”.
A situação é mundial e os 80 países que alinharam na marcha dos indignados “é a prova evidente que não há soluções miraculosas”, disse ainda.
Do ponto de vista económico, uma das características da sociedade contemporânea é a “incerteza” e os “dirigentes do mundo têm de pôr cobro à especulação financeira que está a alterar todo o quadro do mundo”, frisou D. Carlos Azevedo.
LFS