D. Amândio Tomás chama atenção para «camadas deprimidas» e fala na necessidade de uma «educação para o bem comum»
Lisboa, 31 out 2011 (Ecclesia) – O representante português na Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE), D. Amândio Tomás, admite que Portugal poderá passar por “desentendimentos sociais” se não for mais longe na ajuda às “camadas deprimidas”.
“As dificuldades podem provocar de facto esses desentendimentos sociais e nós, como Igreja, apelamos a uma maior consciencialização por parte das pessoas com maiores possibilidades, para que sirvam verdadeiramente as camadas deprimidas”, refere o bispo de Vila Real, em declarações concedidas hoje à Agência ECCLESIA.
Depois da COMECE ter pedido mais “corresponsabilidade” da parte de todas as forças sociais da União Europeia, na procura de soluções para a crise, o prelado acrescenta a este apelo a necessidade de políticas económicas mais humanas e sustentáveis.
“É claro que temos que fazer contenção financeira, mas depois é preciso ver se os sacrifícios que se impõem que não sejam de tal natureza que venham a matar o doente”, realça D. Amândio Tomás.
Mais do que medidas para “tapar buracos”, que “apenas resolvem problemas no imediato”, o bispo português defende uma “educação para o bem comum”, sobretudo daqueles que “vivem acima das suas possibilidades”.
Como forma de contribuir para esse objetivo, a COMECE vai publicar no início do próximo ano um documento intitulado ‘Comunidade Europeia de Solidariedade e Responsabilidade’.
Inspirado numa “economia social de mercado”, termo que foi inserido pela primeira vez no vocabulário da União Europeia através do Tratado de Lisboa, em 2007, o texto irá apresentar “perspetivas novas” de “serviço dos países ricos aos países pobres”, baseadas na Doutrina Social da Igreja.
“A caridade cristã não é romântica mas efetiva, não podemos esmorecer no apelo à justiça social, à redistribuição equitativa dos bens e na ajuda àqueles que verdadeiramente precisam”, ressalva D. Amândio Tomás.
JCP