Luís Lopes, coordenador do setor a nível nacional, sublinha que «é preciso defender as famílias perante o Estado, perante quem agride»
Fátima, 21 jan 2013 (Ecclesia) – A equipa coordenadora da Pastoral da Família em Portugal está apostada em promover uma maior aproximação aos agregados familiares e a ser voz ativa na denúncia e resolução dos problemas que atualmente os afligem.
Em entrevista à ECCLESIA, D. Antonino Dias, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, da Igreja Católica, salienta a “dificuldade” em que vivem atualmente muitas famílias, devido à “situação socioeconómica” que envolve o país.
De acordo com o bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, o Departamento Nacional da Pastoral da Família está consciente da “complexidade” dos problemas que afetam a “vivência” das pessoas, a nível financeiro, humano e religioso, e quer ajudar a “abrir pistas” para um rumo novo.
“A pastoral da família é transversal a toda a pastoral da Igreja, se falha a pastoral da família também falharão outras, com certeza”, realça o prelado.
Para o casal responsável pela ação familiar da Igreja Católica, a nível nacional, Fátima e Luís Lopes, uma das prioridades deste ano passa por ajudar as comunidades a enfrentarem uma sociedade que neste momento “não é amiga da família”.
O último relatório do Fundo Monetário Internacional aponta para a necessidade do Governo implementar medidas adicionais de austeridade para reduzir a despesa, entre as quais cortes nos salários da função pública, no número de funcionários públicos, nas pensões e nas prestações sociais.
“É preciso defender as famílias perante o Estado, perante quem agride, os agressores têm de ser chamados à atenção”, defende Luís Lopes, lamentando que estejam a transformar as pessoas em “pau para toda a obra”.
“A Igreja e a Pastoral Familiar, enquanto equipa, devem chamar a atenção em relação para isto, não pode continuar a permitir que decidam sobre as vidas das pessoas, dos seus filhos”, acrescenta Fátima Lopes.
A Comissão Episcopal do Laicado e Família promoveu no último sábado um encontro em Fátima com os secretariados e movimentos diocesanos ligados ao setor, para partilhar experiências e preparar futuras ações a implementar.
Da reunião sobressaiu a necessidade de construir uma maior interação entre os diversos serviços, que facilite a resposta a problemas como a desagregação das famílias, com uma linguagem simples, que seja potenciadora de inclusão.
No que diz respeito à separação dos casais, uma ameaça cada vez mais presente na sociedade, devido ao panorama de crise, o primeiro objetivo da Pastoral da Família passa pela “prevenção”.
No entanto, Luís Lopes reconhece que a Igreja Católica precisa de realizar um “esforço suplementar” para ajudar à integração das pessoas divorciadas e recasadas.
“A Igreja não tem serviços adequados para dar resposta a essas situações, falta uma pastoral estruturada, com gente mais informada, mais bem preparada para atender e encontrar modelos e respostas concretas”, conclui.
PTE/JCP