Igreja/Crise: Bispo de Beja diz que país precisa de conversão em vez de «refundação»

D. António Vitalino contesta interesses instalados na vida política

Lisboa, 30 out 2012 (Ecclesia) – O bispo de Beja considera que a polémica em torno da expressão “refundação”, utilizada pelo primeiro-ministro português, deve levar a uma reflexão sobre a necessidade de uma organização mais “transparente, participada e responsável” no país.

“Queremos mais Estado ou mais iniciativa particular, mais impostos para alimentar um Estado absorvente e omnipresente ou menos carga fiscal com cidadãos mais intervenientes e corresponsáveis pelo bem comum?”, pergunta D. António Vitalino, na sua nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA.

O prelado diz que a construção dum país “fraterno” exige “conversão pessoal e identificação com valores morais” que permitam fazer face aos “muitos interesses instalados”.

“Muita gente deixou de acreditar e confiar nos políticos, porque, uma vez no poder, fazem leis para se protegerem e deixam-se dominar por lobbies poderosos, que lhes prometem segurança, uma vez deixada a vida política”, alerta.

Segundo o bispo de Beja, “o povo só voltará a confiar nos políticos e na justiça quando os seus procedimentos se tornarem mais transparentes”.

D. António Vitalino critica ainda a falta de separação entre os poderes legislativo, judicial e executivo, advertindo para a irrupção de um “poder financeiro, muitas vezes anónimo, sem atenção pela dignidade das pessoas e corrosivo dos valores morais”.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sustentou hoje que as reduções de despesa num cenário de manutenção da atual estrutura do setor público chegaram “muito próximo” do limite e que por isso se impõe uma reforma estrutural do Estado.

Na abertura do debate da proposta de Orçamento do Estado para 2013 na generalidade, na Assembleia da República, Passos Coelho sublinhou que “existe hoje um consenso amplo no país de que é preciso fazer uma reforma estrutural do Estado” para ultrapassar a atual crise.

O líder do executivo justificava assim a referência a uma “refundação” do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal.

OC

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