Igreja cria «Observatório da Missão»

A Igreja Católica em Portugal vai criar um “Observatório da Missão”, com o objectivo de acompanhar e observar a “actividade missionária”, realizada tanto por institutos religiosos como pelas dioceses, grupos ou associações. O anúncio foi feito na conclusão das Jornadas Missionárias, que este fim-de-semana juntaram centenas de pessoas, em Fátima.

O observatório é uma instância autónoma, ligada à conferência Episcopal Portuguesa, através da Comissão Episcopal das Missões, às Obras Missionárias Pontifícias, aos Institutos missionários ad gentes (IMAG) e à Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP).

A intenção é apresentar “instância eclesial representativa do mundo missionário perante a opinião pública, que promova o diálogo com a sociedade e a leitura profética dos acontecimentos e problemáticas que tenham a ver com a missão e actividade dos missionários portugueses, tanto em Portugal como noutros países”. Esta estrutura pretende também acompanhar e promover “a recolha de dados sobre as problemáticas sociais religiosas e políticas que se relacionem com a missão cristã hoje”.

Este Observatório disporá de uma secção autónoma no site da Agência ECCLESIA, como plataforma de comunicação com os media e o público em geral, com vistas à divulgação de documentos, informação e tomadas de posição.

Este organismo é constituído pelo presidente da Comissão Episcopal das Missões, o director das Obras Missionárias Pontifícias, o coordenador dos IMAG, o presidente da CIRP, o coordenador da Missão Press, o responsável pela Rede Fé e Justiça Europa-África, e o director da Agência ECCLESIA, bem como por um representante dos movimentos de leigos missionários, da Fundação Evangelização e Culturas, Plataforma do Voluntariado e Fórum de Organizações Católicas para a Imigração, contando ainda com um secretário executivo, a quem é confiada a coordenação.

O Observatório da Missão reunirá duas vezes por ano e sempre que “acontecimentos ou situações particulares aconselhem uma tomada de posição”.

Abertura ao diálogo

No final destas Jornadas, subordinadas ao tema «São Paulo e a paixão pela missão», foram publicadas as conclusões subscritas pelos 450 participantes, com um apelo a “criar espaços de relações comunitárias, remédio para o individualismo, e onde se ritualiza e sacraliza a vida do dia a dia”.

“O cristão não deve temer a manifestação pública da sua fé num ambiente de laicismo militante”, refere o documento enviado à Agência ECCLESIA.

Os participantes nestas Jornadas consideram que a missão de hoje passa “pelo diálogo com quatro interlocutores: as pessoas que não pertencem a nenhuma comunidade crente e as que buscam a fé, os pobres e os marginalizados, as pessoas de outras culturas, e os membros de outras tradições religiosas e de ideologias seculares”.

“Já começou a desenhar-se um novo rosto da missão, diferente do passado tipicamente europeu e clerical. Este novo rosto assume três características predominantes: laical, feminino e multicultural”, pode ler-se, ainda.

Neste sentido, foram destacadas “as numerosas iniciativas de convocação, acompanhamento e envio de leigos, sobretudo jovens, para os ambientes pobres e ao encontro de outras culturas, como meio de promover a missão e o compromisso dos jovens com um mundo de fraternidade e paz”.

O documento conclusivo apresenta a “Missão 2010” e o Congresso Missionário da Diocese do Porto como “exemplos a seguir para um maior compromisso evangelizador”.

À margem dos trabalhos, o presidente da Comissão Episcopal das Missões e Bispo Auxiliar de Braga, D. António Couto, considerou que os “entraves” nos países de destino são a maior dificuldade com que se deparam os missionários.

As próximas Jornadas Missionárias acontecerão em Fátima, nos dias 17, 18 e 19 de Setembro de 2010.

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