Igreja: Conferências Episcopais Africanas demarcam-se de declaração sobre bênçãos a uniões homossexuais

Presidente do organismo que reúne episcopados do continente fala em «escândalo» e «confusão» nas comunidades católicas

Foto: Arquidiocese de de Kinshasa

Cidade do Vaticano, 11 jan 2024 (Ecclesia) – O presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagáscar (SECAM) demarcou-se da declaração ‘Fiducia supplicans’, divulgada no último mês de dezembro, relativa a bênçãos para casais em situação irregular, particularmente quando às uniões homossexuais.

“As conferências episcopais preferem geralmente – cada bispo permanece livre na sua diocese – não dar bênçãos a casais do mesmo sexo. Esta decisão resulta da preocupação com a potencial confusão e escândalo no seio da comunidade eclesial”, escreve o cardeal Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa, numa carta divulgada hoje pelo portal de notícias do Vaticano.

A missiva surge uma semana depois de o Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé) ter indicado, em nota de imprensa, que nenhuma conferência episcopal poderia impedir um sacerdote de abençoar “casais em situação irregular”.

“A prudência e a atenção ao contexto eclesial e à cultura local poderiam admitir diversas modalidades de aplicação, mas não uma negação total ou definitiva deste caminho que é proposto aos sacerdotes”, referia o documento, assinado pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, e por mons. Armando Matteo, secretário para a Secção Doutrinal.

A nota abordou várias questões levantadas pela declaração, que prevê a possibilidade de abençoar casais em segunda união ou uniões de pessoas do mesmo sexo.

O cardeal Ambongo começa por afirmar a “adesão inabalável” das comunidades católicas africanas ao Papa, apresentando depois posições das várias Conferências Episcopais nacionais e interterritoriais do continente africano sobre a ‘Fiducia supplicans’, observando que esta provocou “fortes reações” e “semeou confusão e inquietação na alma de muitos fiéis leigos, pessoas consagradas e também pastores”.

Os responsáveis católicos acreditam que as bênçãos extralitúrgicas, propostas na declaração, “não podem ser implementadas em África”, por considera que isso “causaria confusão e estaria em contradição direta com a ética cultural das comunidades africanas”.

“A linguagem da ‘Fiducia supplicans’ continua a ser demasiado subtil para ser compreendida por pessoas simples. Além disso, continua a ser muito difícil convencer que as pessoas do mesmo sexo que vivem numa união estável não reivindicam a legitimidade do seu estatuto”, diz ainda a carta.

O presidente do SECAM assinala que “as uniões homossexuais são contrárias à vontade de Deus e, portanto, não podem receber a bênção da Igreja”.

O documento indica ainda que alguns países “preferem ter mais tempo para aprofundar a Declaração, que, de facto, oferece a possibilidade destas bênçãos, mas não as impõe”.

OC

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Agência ECCLESIA

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