Igreja: Conferência Episcopal Portuguesa evoca memória do padre Joaquim Alves Brás, «homem atento, de coração compassivo»

Nota pastoral foi publicada no âmbito do centenário da ordenação sacerdotal do fundador da Família Blasiana

Lisboa, 05 mai 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje uma nota pastoral a propósito do centenário da ordenação sacerdotal do padre Joaquim Alves Brás, que se comemora este ano, lembrando-o como “homem atento, de coração compassivo”.

“A Conferência Episcopal Portuguesa quer dar graças a Deus pelo dom do seu carisma e trabalho, que hoje continuam a estar presentes na vida da Igreja e do mundo através do Instituto Secular das Cooperadoras da Família e de toda a Família Blasiana”, pode ler-se no documento, aprovado na última Assembleia Plenária da CEP, que terminou na passada quinta-feira.

A CEP lembra que o venerável padre Joaquim Alves Brás nasceu em Casegas, na Diocese da Guarda, a 20 de março de 1899, tornando-se o “quinto filho de uma família rural, cuja vida de orientava pelos valores do Evangelho”.

Foi ordenado a 19 de julho de 1925 na Capela do Paço Episcopal da Guarda e desempenhou várias missões, tendo sido pároco de Donas e diretor espiritual do Seminário Maior da Guarda.

“Ao visitar os doentes no hospital foi capaz de compreender o drama de muitas jovens raparigas que vinham do campo para as cidades, como ‘criadas de servir’”, assinala a CEP, acrescentando que o padre Joaquim Alves Brás, “profundamente tocado por esta realidade”, sentiu “no seu coração o que descobre ser o apelo de Deus a procurar respostas para as situações de indignidade em que se encontravam”.

Neste contexto, a nota recorda que o sacerdote criou a Obra de Santa Zita, “que rapidamente se estendeu a todo o País, tendo proporcionado formação a milhares de jovens, possibilitando melhorar as suas condições de vida e de trabalho”.

“Homem atento, de coração compassivo, que bate ao ritmo do ‘coração de Deus’, o Padre Brás intui na realidade observada um grito de ajuda por parte da Família”, escreveu a CEP.

Em 1933, o padre Joaquim Alves Brás funda o “Instituto Secular das Cooperadoras da Família, um Instituto de Vida Consagrada, que tem como Carisma e Missão ‘O Cuidado da Santificação da Família”, concebida como “fonte de vida humana e agente de transformação do mundo’”.

Segundo a nota pastoral, “’Salvemos a Família e salvaremos o mundo’ é mote inspirador de toda a sua vida e de toda a ação que desenvolveu no país e no estrangeiro, a bem da Família”.

“Para ele, tudo o que se fizer a bem da Família impacta os indivíduos, a Igreja e a Sociedade. A intuição de que ‘a Família é a nascente donde brota a humanidade’ e o compromisso concreto em cuidar desta nascente, pondo à sua disposição meios e recursos diversificados, é uma das suas grandes preocupações e motor dos seus empreendimentos”, refere a CEP.

O fundador da Família Blasiana lançou, nos inícios dos anos 60, o Movimento Por Um Lar cristão, um Movimento de Espiritualidade Conjugal e Familiar, segundo o modelo da Família de Nazaré; funda o Jornal da Família, com periodicidade mensal, até aos nossos dias; cria os Centros de Cooperação Familiar, com uma série de ofertas formativas, muito diversificadas.

“Na atenção e cuidado das famílias foram muitas as atividades que desenvolveu ao longo da sua vida. Quem privou de perto com ele, teve a graça de ‘beber’ do seu testemunho e conhecer o seu espírito empreendedor e solidário, não hesitando em chamar-lhe Apóstolo das Famílias, em Portugal”, realça a nota com o título “Comemoração do Centenário da Ordenação Sacerdotal do Padre Joaquim Alves Brás”.

A CEP salienta a verticalidade da vida e da fé do padre Joaquim Alves Brás, “a sua inabalável confiança em Deus, a sua solicitude pastoral para com as Famílias e os mais pobres, das quais irradiava uma força transformadora e salvadora”, como marcas inequívocas da sua existência, que “levaram ao seu reconhecimento como Venerável, por Bento XVI, no dia 15 de março de 2008”.

Este processo, em ordem à sua beatificação, continua aberto e a ser percorrido.

A CEP incentiva “toda a Família Blasiana a prosseguir a obra iniciada pelo Venerável Padre Joaquim Alves Brás, cuja intuição e carisma continuam hoje atuais e necessários, convidando-a e animando-a à audácia do anúncio e da concretização da beleza do Evangelho da Família”.

“E que também no âmbito da celebração do Jubileu da Esperança e da dinâmica sinodal que estamos a viver, o Instituto Secular das Cooperadoras da Família e toda a Família Blasiana possam ser testemunho do cuidado pelas famílias e sinal de esperança, tendo a coragem de fazer parte do sonho de Deus, a coragem de sonhar com Deus, a coragem de unir-se a Deus nesta história de construir um mundo onde ninguém se sinta só”, convidou.

“À Sagrada Família de Nazaré, por quem este Sacerdote nutria uma devoção especial e a propunha como modelo de vida e de ideal a todas as famílias e às suas seguidoras, Cooperadoras da Família, confiamos esta Causa”, conclui.

A Conferência Episcopal Portuguesa divulgou também o programa da celebração do centenário da Ordenação Sacerdotal do padre Joaquim Alves Brás, que se realiza nos dias 17 e 18 de maio, no Centro de Estudos de Fátima.

LJ/PR

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