Organismo da Conferência Episcopal Portuguesa escreveu mensagem para o Dia dos Namorados, sublinhando que o amor «necessita de vigilância e sabedoria para traduzir a verdadeira vocação humana»
Lisboa, 03 fev 2025 (Ecclesia) – A Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), da Igreja Católica em Portugal, alertou para o aumento de “uma cultura de violência” no namoro, na mensagem para o Dia dos Namorados, que se assinala no dia 14 de fevereiro.
“Existem ‘namoros’ falsos ou vazios porque não têm o mistério do amor como conteúdo. Há ‘namoros’ que são uma sedução para levar à escravatura, afirmações de poder com objetivos de falsa grandeza pessoal. Entretanto, progressivamente, foi aumentando uma cultura de violência”, pode ler-se no texto do organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, enviado hoje à Agência ECCLESIA.
A mensagem salienta que “há uma contradição inaceitável em alguns jovens namorados que aceitem a violência no seu relacionamento como um dado cultural próprio da atualidade” e que, ao contrário do que se diz popularmente, “o amor não tem de ser cego, necessita de vigilância e sabedoria para traduzir a verdadeira vocação humana”.
“Como ensina a Igreja, Deus, que criou o homem por amor, também o chamou ao amor, vocação fundamental e inata de todo o ser humano. Porque o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus que é Amor, tendo-os Deus criado o homem e a mulher, o amor mútuo dos dois torna-se imagem do amor absoluto e indefetível com que Deus ama o homem”, refere o texto.
Segundo a CELF, a capacidade de amar é um dom de Deus no coração humano que cresce, amadurece” e torna todos “sempre mais semelhantes ao Criador”, realçando que este dom “tem de ser traduzido em ensinamento e sabedoria vigilante para que se torne parte do todo da pessoa humana e não um apêndice”.
Num tempo marcado pelo domínio da economia e da tecnologia, o Amor é desvalorizado e, portanto, não admira que tenhamos um mundo cada vez mais violento, governado por pessoas violentas onde não se reconhece a compaixão pela pessoa humana”, destaca.
Na mensagem com o título “a capacidade de amar é um dom de Deus”, o organismo da CEP cita o Papa Francisco, dizendo que “na sociedade atual falta o coração”, e desafia todos os casais.
“Aos namorados de todas as idades fica o desafio de levar a sério o Amor como o grande dom que Deus a todos concedeu. Amor que faz alargar a morada interior e dá sentido a grandes opções. Amor que vence a solidão cresce, se for verdadeiro e fiel, e inspira aventuras grandes, confiantes e com esperança”, escreveu a Comissão Episcopal do Laicado e Família.
No início da nota, o Dia dos Namorados é referido como uma “oportunidade para uma breve reflexão sobre o que se entende por namoro e que valor existe ou deve existir nessa experiência de vida”.
“Na versão mais tradicional, por ‘namorados’ entende-se um casal de jovens, um rapaz e uma rapariga, que se acompanham por encantamento, para se conhecerem melhor, tendo como possibilidade e objetivo a celebração do matrimónio (casamento)”, refere.
No entanto, a mensagem assinala que “os comportamentos humanos alteram-se de acordo com um novo quadro de valores ou a falta deles e, nesta situação, a palavra ‘namorados’ já se utiliza nas situações mais diversas, seja entre crianças, idosos, pessoas de género diferenciado e do mesmo género”, sendo também utilizada por “pessoas que resolveram viver maritalmente, sem a celebração do casamento”.
“‘Namorados’ é uma palavra que tem dentro de si o amor, e o amor é mistério, não se explica, vive-se como um dom e traduz-se por gestos, sinais, atenções e doação de vida. O amor ou existe ou não existe, não se compra em parte alguma nem se fabrica, e pode gerar muito sofrimento quando é correspondido por um falso amor”, adverte o documento.
Liturgicamente, 14 de fevereiro é o dia da festa de São Cirilo e de São Metódio, mas na Itália a Diocese de Terni celebra o seu padroeiro, São Valentim, primeiro bispo desta localidade, que morreu como mártir, provavelmente no século IV.
Este nome está ligado a algumas lendas, as quais Valentim teria morrido decapitado por se ter recusado a renunciar ao Cristianismo e por, secretamente, ter celebrado o casamento entre uma jovem cristã e um legionário, apesar da proibição de Cláudio II (século III).
LJ/PR