Igreja: Comissão dos Episcopados Católicos pede que a Europa «permaneça fiel ao projeto de paz»

«A UE não deve perder de vista o seu compromisso moral e jurídico com a paz e o desenvolvimento humano», assinala bispos católicos

Bruxelas, 25 jun 2025 (Ecclesia) – A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) pediu aos responsáveis políticos que a Europa “permaneça fiel ao projeto de paz”, às raízes políticas, culturais e espirituais, e concentrem-se na renovação da visão dos fundadores do projeto europeu.

“À medida que a atenção se volta para a defesa e a competitividade, a UE não deve perder de vista o seu compromisso moral e jurídico com a paz e o desenvolvimento humano sustentável, nem a sua responsabilidade histórica de crescer como comunidade e expandir a sua promessa de estabilidade e prosperidade compartilhada”, assinala a COMECE, citada pelo Vatican News.

Os bispos católicos da União Europeia consideram que é essencial a renovação da visão dos fundadores do projeto Europeu, com uma fidelidade criativa às suas raízes políticas, culturais e espirituais que possa valorizar e revigorar a “sua vocação para o projeto de paz, enraizada nos valores da dignidade humana, da solidariedade e da justiça”.

“É necessário contribuir para a construção de uma nova arquitetura global de paz e para o fortalecimento do sistema multilateral, baseado em regras, com as Nações Unidas reformadas, mais participativas e eficazes no centro.”

A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia publicou um documento de reflexão, com recomendações concretas e essenciais para os dirigentes da UE agirem em conformidade com os princípios fundadores da União, no âmbito da reunião do Conselho Europeu, esta quinta e sexta-feira, dias 26 e 27 de junho, em Bruxelas; os responsáveis políticos vão debater os desafios geoeconómicos e a evolução da situação na Ucrânia e no Médio Oriente, a defesa e segurança europeias, a migração, a preparação e a segurança interna.

“Os gastos com defesa permaneçam proporcionais às necessidades reais e sejam guiados pelo objetivo da segurança humana e da paz, e não por interesses comerciais, enquanto as políticas de segurança e defesa devem ser comunicadas com clareza: o objetivo principal é a paz, não o rearmamento ou a competitividade da indústria de defesa”, assinala a COMECE, no capítulo sobre defesa, segurança e paz.

Os bispos católicos da União Europeia estão também preocupados com o alargamento da UE e as “políticas de boa vizinhança”, e recomenda apoiar os países candidatos com “incentivos para reformas e financiamento adequado”, e durante a fase de pré-adesão, “reforçar o compromisso dos cidadãos e da sociedade civil, incluindo as organizações religiosas, para promover a coesão social”.

“Prosseguir com as reformas internas da UE para manter uma funcionalidade mais ampla e diversificada”, acrescentam, divulga o portal ‘Vatican News’.

A Comece pede também à União Europeia que “apoie a reestruturação de dívidas injustas e insustentáveis ​​sem condições prejudiciais”, e que promova reformas a longo prazo “rumo a um sistema financeiro global mais equitativo”, a partir dos apelos da Santa Sé à comunidade internacional para reduzir as desigualdades injustas entre nações ricas e pobres.

A Igreja Católica está a celebrar o Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da história, por iniciativa do Papa Francisco, que o dedicou ao tema da esperança, e na bula de proclamação apelou a um perdão das dívidas para os países pobres.

O documento de reflexão da COMECE, que foi elaborado pela Comissão de Relações Externas da UE deste organismo, serve também como “bússola” para orientar as discussões em curso sobre o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) pós-2027, “visando o relançamento da UE como um importante ator em prol da paz e do desenvolvimento”.

CB/OC

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