Padre Antonio Spadaro, diretor da «Civiltà Cattolica», sublinha simbolismo dos destinos de Francisco
Portimão, 17 jan 2017 (Ecclesia) – O jesuíta italiano Antonio Spadaro, autor da primeira entrevista de fundo ao Papa, disse hoje à Agência ECCLESIA que a próxima visita de Francisco a Portugal, centrada em Fátima, está em linha com as escolhas do atual pontificado.
“O Papa viaja às periferias, também da Europa. Se repararmos, as viagens europeias partiram de Lampedusa e seguiram pela Grécia, Turquia, Bósnia, Polónia, Suécia e depois virá aqui, a Portugal: está a circum-navegar a Europa”, assinalou o diretor da revista ‘La Civiltà Cattolica’ e consultor do Conselho Pontifício para a Cultura (Santa Sé).
O sacerdote jesuíta tem acompanhado as visitas internacionais do Papa Francisco e fala em escolhas com “significado simbólico, profundo”.
“As viagens do Papa servem para tocar lugares em que há efervescência, onde existem estímulos, que possam ajudar a compreender melhor o centro e também os lugares onde se vivem feridas abertas, que se tocam para serem curadas”, precisou.
Francisco já realizou 17 viagens internacionais e vai estar em Fátima nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do Centenário das Aparições.
“O motivo pelo qual o Papa vem a Fátima é porque é um grande centro religioso, onde há uma forte religiosidade popular”, refere o padre Antonio Spadaro.
O jesuíta italiano realça que a mensagem de Nossa Senhora de Fátima chegou através de “três criancinhas”.
“No fundo, são os pequenos, as pessoas que, precisamente, não são consideradas pela sociedade, são pobres, mas têm uma mensagem para todo o mundo”, prossegue.
O sacerdote está em Portugal como conferencista convidado das jornadas de atualização do clero das dioceses do Algarve, Beja, Évora e Setúbal, que decorrem até quinta-feira.
A intervenção inaugural, esta segunda-feira, teve como tema ‘As periferias geográficas e a misericórdia’.
“O Papa sabe que, por vezes, a maior riqueza não vem do centro, onde as coisas são mais estáticas, mas dos lugares que crescem, que evoluem, mais expostos às fronteiras”, explicou à Agência ECCLESIA o padre Spadaro.
O diretor da ‘Civiltà Cattolica’ assinala que a insistência na necessidade de “construir pontes” parte de um Papa “apaixonado” por tudo o que está “para lá da imaginação”.
“É muito importante refletir sobre as periferias geográficas, as periferias existenciais, os lugares que colocam desafios à vida da Igreja”, explica.
O sacerdote jesuíta que integrou a comissão para reforma dos media do Vaticano vai também falar nestas jornadas sobre os ‘Desafios pastorais da cultura digital’.
“A Igreja é chamada a compreender o que está a acontecer” no mundo digital, sublinha o padre Spadaro, promovendo a “escuta profunda” do que as pessoas dizem.
Num mundo em que todos parecem ter resposta para tudo, acrescenta, “o Cristianismo tem a grande capacidade de colocar as perguntas certas”.
A atualização do clero das dioceses do sul conta com cerca de 120 participantes.
PR/OC