Igreja/Cinema: Pastoral da Cultura distinguiu «Rosinha e outros bichos do mato», no festival IndieLisboa

«Uma viagem à dignidade humana e a algumas indignidades através do trabalho de arquivo e da imaginação», destacaram os jurados desta edição, Pedro Mexia e Rui Martins

Lisboa, 12 mai 2023 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), da Igreja Católica em Portugal, atribuiu ao documentário ‘Rosinha e outros bichos do mato’, da realizadora Marta Pessoa, o ‘Prémio Árvore da Vida’, no festival de cinema independente ‘IndieLisboa’.

“O vencedor do ‘Prémio Árvore da Vida’ é uma investigação ao nosso passado colonial, ao discurso político, à ideia que temos de nós e do Outro, uma viagem à dignidade humana e a algumas indignidades através do trabalho de arquivo e da imaginação”, assinalam os jurados do prémio que é atribuído pelo SNPC, desde 2010.

Este ano, o júri, constituído por Pedro Mexia, antigo subdiretor e diretor interino da Cinemateca Portuguesa, poeta, escritor, crítico, e Rui Martins, do SNPC, decidiu entre seis longas e dezanove curtas-metragens.

‘Rosinha e outros bichos do mato’, da realizadora Marta Pessoa (2023, 101 minutos), “perscruta a ideia de ‘racismo suave’ e como esta vem beber ao enaltecido colonialismo português”, lê-se na sinopse do documentário, destacou o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

“A Rosinha titular é uma nativa guineense que se torna no símbolo da primeira exposição colonial portuguesa apresentada pelo Estado Novo em 1934. Uma viagem ao passado para entender o presente”, explica, contextualizando que a exposição, nos jardins do Palácio de Cristal, no Porto, recriou “aldeias indígenas e ‘exemplares’ dos povos que as habitavam, rosinha veio com ela da Guiné e está presente em vários filmes e imagens oficiais”.

O filme ‘Rosinha e outros bichos do mato’, presente na programação da 20.ª edição do IndieLisboa, tem argumento de Marta Pessoa, Rita Palma, a produtora Três Vinténs, que compõem igualmente o elenco, a par de Binete Undonque, alunos da Escola Profissional de Marvila, Grupo Etnográfico de Areosa e Paulo Pinto.

O júri do ‘Prémio Árvore da Vida’ do SNPC, Pedro Mexia e Rui Martins concederam também uma menção honrosa à curta-metragem ‘As Lágrimas de Adrian’, de Miguel Moraes Cabral (2023, 18 minutos).

“A menção honrosa é atribuída a um filme de montagem que, usando imagens de arquivo, faz uma ligação poética entre o sofrimento individual e os grandes movimentos do mundo e da História”, anotam os jurados.

O Prémio Árvore da Vida, do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, distingue, com o valor de dois mil euros, um dos filmes selecionados pela organização do festival IndieLisboa para a secção Competição Nacional, tendo como critério os seus valores espirituais e humanistas, a par das qualidades cinematográficas.

O programa do IndieLisboa, entre 27 de abril e 7 de maio, contou com o número recorde de 314 filmes (eram 79 na primeira edição), espalhados por múltiplas competições e secções, entre as quais “50 anos de liberdade”, evocação da revolução do 25 de Abril, em vários cinemas da cidade.

CB/OC

 

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