Igreja: Católicos e ortodoxos de tradição bizantina celebram Natal a 7 de janeiro, segundo o calendário juliano

Em Portugal, algumas comunidades já assinalam o nascimento de Jesus a 25 de dezembro

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 07 jan 2022 (Ecclesia) – Os cristãos católicos e ortodoxos das Igrejas Orientais de tradição bizantina, presentes sobretudo na Europa, celebram hoje o Natal, segundo o antigo calendário juliano.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o padre Natanael Mykola Harasym, da Capelania da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa, explicou que no Patriarcado e noutras dioceses portuguesas a suas comunidades já celebraram o Natal no dia 25 de dezembro, após terem feito esse pedido ao patriarca da Ucrânia.

“Temos dois anos para esta passagem para o calendário novo que o mundo usa desde 1582, para que evolua gradualmente, sem mexer de maneira abrupta”, acrescentou o sacerdote, convidado do Programa Ecclesia, desta sexta-feira, na RTP2.

O padre Natanael Mykola Harasym contextualiza que a Igreja Greco-Católica na Ucrânia mantém o calendário juliano mas há comunidades, como na América, que já usam o “calendário novo”, o calendário gregoriano.

O calendário solar juliano foi criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César e difere do calendário gregoriano, utilizado no Ocidente.

O sacerdote da Capelania da Igreja Greco-Católica Ucraniana em Lisboa recorda que o Natal é vivido com várias tradições, para além das celebrações religiosas, como os cânticos e a gastronomia com 12 pratos típicos.

Segundo o rito bizantino, o dia 6 de janeiro é o último dia de jejum e a consoada é festejada com 12 pratos diferentes – número que encontra significado nos 12 apóstolos e nas 12 tribos de Israel -, preparados sem recurso a gorduras animais ou carnes.

O prato principal é o “kutia”, doce à base de trigo cozido com mel e sementes de papoila moída, ingredientes usados na doçaria oriental e que também têm um significado especial.

O padre Natanael Mykola Harasym recorda que na têm “uma saudação própria do Natal”, que antes da queda do Muro de Berlim os professores proibiam-na, ‘Cristo está a nascer’, e a resposta é “um imperativo bonito”: ‘Glorifiquemo-lo’.

Neste contexto, recorda também a Festa do Batismo do Senhor, com que termina o tempo litúrgico do Natal, tem “uma saudação” na Ucrânia: ‘Cristo está a ser batizado’, ao que se responde ‘no rio Jordão’.

Os cânticos de Natal não terminam no batismo mas são cantados até à Festa de Apresentação do Senhor, no dia 2 de fevereiro segundo o “calendário novo”, e no dia 15 seguindo o calendário juliano.

O sacerdote lembra ainda que o nascimento de Jesus também é preparado com “40 dias de jejum”, que “não é tão rigoroso como a Quaresma”.

O padre Natanael Mykola Harasym entoou uma música que aprendeu na infância, salientando que o cancioneiro da Igreja Greco-Católica Ucraniana tem “mais 300 cânticos de Natal”.

“Para nós não é só comer e beber com os pratos típicos mas também cantar. A melodia do canto tem de estar presente, e rompe as barreiras até à família mais próxima, aos vizinhos, para que a alegria do Natal seja contagiosa”, desenvolveu.

Esta quinta-feira, o Papa saudou os “irmãos e irmãs das Igrejas Orientais, católicas e ortodoxas”, a quem dirigiu “os melhores votos de paz e de todo o bem”, após a oração do ângelus na solenidade da epifania, conhecida popularmente como ‘Dia de Reis’, desde a janela do apartamento pontifício, no Vaticano.

HM/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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