Os bispos católicos brasileiros esperam que em 2004 o governo de Lula da Silva venha a assumir “medidas mais concretas” e comece a “cumprir as promessas de campanha”. Apesar de serem unânimes em elogiar a conduta e as boas intenções de Lula, os bispos pedem mais rapidez e eficácia. D. Geraldo Majella Agnelo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), coloca um ênfase particular na “reforma agrária.” A questão da terra, a fome, o desemprego e a violência são os principais problemas que, na opinião dos bispos, independentemente de tendência ideológica, desafiarão o governo em 2004. ”Lula perderá credibilidade, se não retomar o crescimento económico, que foi inexpressivo em 2003”, adverte D. Demétrio Valentini, bispo de Jales e membro da Comissão Episcopal de Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB. O bispo de São Félix, Pedro Casaldáliga, um representante conotado com a esquerda no episcopado, afirma à Folha de São Paulo entender que “houvesse necessidade de Lula se voltar para o exterior, pela preocupação de salvar a situação económica do País, mas, no segundo ano, é preciso olhar para dentro e enfrentar questões como a reforma agrária, o desemprego e a renda interna”. Amigo de Lula, que considera sincero e capaz, D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, é duro na avaliação do governo. ”Foi um ano indiferente, pois o governo não progrediu nem regrediu em nada”, avalia o cardeal, acrescentando que, como confia em Lula, espera que, em 2004, ele seja mais realista e não apenas um homem de discurso. Um arcebispo da Amazónia, D. Moacyr Grechi, de Porto Velho, faz um balanço positivo. ”Lula surpreendeu-me pela capacidade de ser presidente e, no contacto com países e organismos internacionais, sabe por onde caminhar”.
