Paulo Bruno Alves diz que o regime precisava de uma guerra para a conservação do poder
Após a revolução de 1910, os republicanos “precisavam de fabricar uma guerra”, para se manterem no poder, “e a Igreja Católica foi o seu inimigo perfeito ”, afirmou Paulo Bruno Alves, hoje (1 de Outubro), na Assembleia da República.
O professor da Faculdade Letras da Universidade de Coimbra intervinha no I Congresso Internacional «I República e Republicanismo».
Com a implantação da República, a 5 de Outubro, ficou uma “certeza no ar: os republicanos não iriam ser na República tão cordiais para os católicos e monárquicos quanto estes tinham sido para aqueles durante a Monarquia Constitucional”, defendeu o historiador.
Com uma conferência subordinada ao tema «O ataque republicano à Igreja Católica ou o fabrico de uma guerra para a conservação do Poder: o caminho para a Lei de Separação de 20 de Abril de 1911», Paulo Bruno Alves sublinhou que os ataques à Igreja começaram cedo.
Logo na manhã de 5 de Outubro de 1910, a casa dos religiosos Lazaristas (Arroios – Lisboa) “foi invadida por um grupo de republicanos”. E acentua: “dois padres foram assassinados e outros insultados e agredidos”.
A “ira anti-clerical” ultrapassou os limites de Lisboa. Estendeu-se também à província. Para os republicanos, os dias seguintes à implantação “foram gloriosos”.
A “caça aos padres, e em especial aos jesuítas aconteceu por todo o país”, frisou o orador. Após a primeira semana da República, as prisões de Lisboa e arredores estavam “repletas de padres e freiras”.
As “calúnias” sobre os membros da Igreja eram “frequentes”. E exemplifica o historiador: “bastava um simples boato sobre um padre ou religiosa para instigar a população a assaltar conventos e colégios”.
“Desde cedo que apareceu a ideia que a revolução mais parecia contra a Igreja Católica do que contra a Monarquia”, conclui.