Igreja Católica em Portugal reforça diálogo com a comunidade ortodoxa

«É um imperativo da identidade cristã irmos ao encontro dos nossos irmãos» diz o presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo

Lisboa, 15 Jan (Ecclesia) – A Igreja Católica está empenhada em estabelecer laços cada vez mais fortes com a comunidade ortodoxa em Portugal. A aposta passa por aspectos como a cooperação ao nível dos sacramentos, a formação na fé e a prática da caridade.

“Houve algumas iniciativas de encontro, aqui entre nós, que não foram bem sucedidas, mas não vamos desistir porque sentimos que é um imperativo da identidade cristã irmos ao encontro dos nossos irmãos” realça D. Manuel Felício, presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e Ecumenismo (CEDFE), em declarações ao Programa da Igreja Católica, na Antena 1.

Um dos objectivos passa pela aprovação de um texto que possibilite “a convergência em pontos essenciais”, como por exemplo no reconhecimento do Baptismo. Recorde-se que o reconhecimento recíproco e oficial do Baptismo, por parte de todas as Igrejas de expressão cristã, é uma condição estabelecida pela Santa Sé no seu “Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo”.

Em Portugal, este processo já inclui as Igrejas Católica, Presbiteriana, Metodista, Lusitana e Anglicana, baseando-se na colaboração entre a CEDFE e o Conselho Português de Igrejas cristãs.

No que diz respeito à inclusão da Igreja Ortodoxa, o maior obstáculo tem sido encontrar junto daquela comunidade uma instância que garanta unanimidade de opinião, já que “além dos grandes patriarcados ecuménicos, há também as chamadas Igrejas autónomas” recorda o presidente da CEDFE.

D. Manuel Felício aponta como sinal positivo o II Fórum Ecuménico Europeu, de diálogo entre católicos e ortodoxos, que decorreu na Grécia em Outubro do ano passado.

Outra grande oportunidade de reflexão, a nível nacional e mundial, será a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que a Igreja Católica celebra entre 18 e 25 de Janeiro.

O tema escolhido para o Oitavário deste ano – “Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fracção do pão e nas orações” – foi extraído do livro bíblico dos Actos dos Apóstolos, apelando ao regresso dos cristãos às origens da primeira Igreja de Jerusalém, espaço físico que evoca o regresso aos aspectos essenciais da fé e à união entre os cristãos.

“É um momento forte e importante, sobretudo para nós aprofundarmos as razões do diálogo ecuménico e as levarmos também ao comum das nossas estruturas eclesiais” defende D. Manuel Felício, para quem “as comunidades cristãs não podem voltar costas a esta responsabilidade”.

O movimento ecuménico, surgido no final do século XIX, desenvolve inicia­tivas tendentes a favorecer o regresso à unidade dos cristãos, que­brada no passado por diversas rupturas.

O Oitavário pela Unidade da Igreja tem as suas raízes em 1908 e seis décadas depois a iniciativa passou a ser preparada por diversas confissões cristãs, mediante o trabalho conjunto do Conselho Mundial das Igrejas e do actual Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, da Igreja Católica.

O termo do Oitavário acontece a 25 de Janeiro, data em que a Igreja Católica evoca a conversão do apóstolo São Paulo.

PRE/JCP

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