Igreja Católica e Governo do Brasil em conflito aberto por causa do uso de preservativos

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) veio ontem rebater publicamente as críticas feitas pelo governo de Lula da Silva à posição católica sobre o uso do preservativo na prevenção da SIDA. Numa declaração conjunta os bispos brasileiros afirmam não aceitar “a demonização preconceituosa” das suas convicções e “a imposição, à sociedade, de um pensamento oficial e único sobre a matéria em questão”. O Ministério da Saúde do Brasil, através do seu Programa Nacional de combate contra a SIDA, condenara energicamente a posição da Igreja Católica. Numa nota, o Ministério argumenta que a Igreja “erra ao insistir em que o preservativo não protege” e, com isso, “pode estar a cometer mais um crime contra a Humanidade”. A CNBB divulgou uma declaração na qual reconhece a SIDA como um grave problema de saúde pública, mas “julga ser honesto avisar que os preservativos não são 100% seguros”. “Os representantes da Igreja Católica entendem que a SIDA e as outras doenças sexualmente transmissíveis são um grave problema de saúde pública, que requerem políticas públicas eficazes para seu controlo e combate. Através de muitas organizações e pessoas a ela ligadas, a Igreja tem-se empenhado na prevenção, no acolhimento, no tratamento e na assistência a pessoas afectadas pelo vírus do VIH e na superação de preconceitos diversos em relação a essas pessoas”, asseguram. Em Novembro passado a Arquidiocese do Rio de Janeiro apelou ao Ministério Público Estadual para que instaurasse um inquérito civil com o fim de impedir a divulgação de um vídeo realizado por organizações não-governamentais contra a posição da Igreja relativamente ao uso do preservativo. “A Igreja deixa à ciência e à técnica o juízo sobre a eficácia dos diversos tipos de preservativos destinados à prevenção e ao combate da SIDA e de outras doenças sexualmente transmissíveis. No entanto, ela julga ser honesto avisar que os preservativos não são 100% seguros e também admitir que há outros métodos eficazes para evitar a transmissão da SIDA e de doenças sexualmente transmissíveis”, justificam os bispos. A declaração é assinada pelo presidente da CNBB, cardeal Geraldo Majella Agnelo, pelo vice-presidente da entidade, D, António Celso de Queirós, e pelo secretário-geral da CNBB, D. Odilo Pedro Scherer.

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