Igreja: Cáritas Portuguesa assinala 37 anos da morte do Beato Óscar Romero

Antigo arcebispo de El Salvador que «foi assassinado por defender os sem voz e sem lugar»

Lisboa, 25 mar 2017 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa assinalou a festa em honra do Beato Óscar Romero, antigo arcebispo de El Salvador e um dos padroeiros da organização católica a nível internacional, assassinado a 24 de março de 1980.

Num comunicado enviado à Agência ECCLESIA, o presidente da Cáritas Portuguesa recorda “um homem que, pela palavra e, sobretudo, pelo testemunho potenciado pelo martírio de que foi alvo, por defender os sem voz e sem lugar, prestigiou a missão da Igreja Católica”.

“Mataram-no para o fazer calar, porque incomodava o poder político, militar e capitalista do seu país”, salienta Eugénio Fonseca.

Óscar Romero nasceu a 15 de agosto de 1917, na localidade de Ciudad Barrios, em El Salvador, e enquanto arcebispo destacou-se não só por uma vida dedicada aos mais pobres, mas como uma voz contrária ao regime que vigorava no seu país, e que “denunciava nas suas homilias dominicais as numerosas violações de direitos humanos em El Salvador”.

Uma figura que sempre “manifestou, publicamente, a sua solidariedade com as vítimas da violência política, no contexto da guerra civil” que devastava o seu país e o seu povo.

Foi por isso, por não se calar perante o avolumar  das vítimas da guerra e da opressão política e militar, que “foi assassinado a 24 de março de 1980 enquanto celebrava a eucaristia, por um atirador de elite do exército salvadorenho”, recorda Eugénio Fonseca.

O presidente da Cáritas Portuguesa destaca uma frase do antigo arcebispo salvadorenho que ficou célebre: “Como pastor, estou obrigado, por mandato divino, a dar a vida pelos que amo, por todos os salvadorenhos”.

“Esta é uma, entre muitas, afirmações que demonstram ter sido um homem e um cristão de coragem, deixando para o mundo e para a Igreja um testemunho de perseverança na luta pelos Direitos Humanos”, assinala aquele responsável.

Eugénio Fonseca lembra ainda outra intervenção de D. Óscar Romero, relacionada com as ameaças que pairavam sobre a sua vida: “Se chegarem a cumprir as ameaças, desde já ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e ressurreição de El Salvador”, dizia o então arcebispo de El Salvador.

A morte de D. Óscar Romero levou a “uma onda de protestos pelo mundo e a pressões internacionais, apelando a reformas em El Salvador”.

Em sua honra, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou em 2010 o dia 24 de março como o Dia Internacional pelo Direito à Verdade acerca das Graves Violações dos Direitos Humanos e à Dignidade das Vítimas.

O arcebispo salvadorenho foi beatificado a 23 de maio de 2015, numa celebração presidida em El Salvador pelo cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, da Santa Sé.

A solenidade, onde foi sublinhada “a memória de Óscar Romero”, que continua “viva dando conforto aso pobres e marginalizados”, foi acompanhada por uma multidão de cerca de 200 mil pessoas.

“Como defensor dos mais pobres e vulneráveis, a Cáritas, em todo o mundo, revê-se no testemunho de Romero e inspira-se na sua ação como promotor de paz. Pela forma como que sempre se manteve firme e como sempre mostrou solidariedade com os injustiçados e vulneráveis, lutando ao seu lado pela justiça e pela liberdade”, refere Eugénio Fonseca.

Para o presidente da Cáritas Portguuesa, “Óscar Romero continua a ser um modelo de vida para todos os homens e mulheres de boa vontade”, um homem cuja morte foi “uma semente de liberdade e sinal de esperança” e que tem de ser exemplo para as dificuldades da humanidade atual.

“Assim será! Basta que cada um dos seres humanos assuma um pouquinho da coragem e esperança de Romero”, conclui aquele responsável.

JCP

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Agência ECCLESIA

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