Igreja: Cardeal de Hong Kong espera «boas notícias» em 2018 sobre acordo Vaticano-Pequim (c/vídeo)

D. John Tong, que preside à peregrinação do 13 de maio, admitiu avanços, necessários para superar constrangimentos que afetam comunidade católica

D. António Marto (esq.), D. John Tong e padre Carlos Cabecinhas (dir.) Foto. Agência ECCLESIA/OC

Fátima, 12 mai 2018 (Ecclesia) – O cardeal John Tong, bispo emérito de Hong Kong, disse hoje em Fátima esperar “boas notícias” ainda em 2018 sobre um eventual acordo entre o Vaticano e Pequim, que considera necessário para superar constrangimentos que afetam a comunidade católica.

O presidente da peregrinação do 13 de maio, em Fátima, adiantou aos jornalistas presentes na Cova da Iria que o acordo não cobre todos os aspetos das relações bilaterais, mas começa por um “ponto chave”, a “escolha e nomeação dos bispos locais”.

O cardeal chinês admitiu que os católicos vivem uma “situação difícil”, dado que o Governo privilegia a Igreja “oficial”, a Associação Patriótica, controlada por Pequim, e assume “medidas restritivas” para a vida da comunidade que segue as orientações do Vaticano.

D. John Tong saudou a “grande coragem” de muitos católicos chineses na defesa da sua fé e mostrou esperança no “diálogo entre a Santa Sé e Pequim”, considerando que o Papa Francisco e o atual presidente chinês “quebraram” o impasse, pelo que as negociações avançaram “rapidamente” desde há três anos.

O cardeal recordou o seu contacto com a devoção a Nossa Senhora de Fátima, em Macau, e assinalou que, na China continental, Fátima é um “assunto sensível”.

As relações diplomáticas entre a China e a Santa Sé terminaram em 1951, após a expulsão de todos os missionários estrangeiros, muitos dos quais se refugiaram em Hong Kong, Macau e Taiwan.

Em 1952, o Papa Pio XII recusou a criação de uma Igreja chinesa, separada da Santa Sé [Associação Patriótica Chinesa, APC] e, em seguida, reconheceu formalmente a independência de Taiwan, onde o núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) se estabeleceu depois da expulsão da China.

A APC seria criada em 1957 para evitar “interferências estrangeiras”, em especial da Santa Sé, e para assegurar que os católicos viviam em conformidade com as políticas do Estado, deixando assim na clandestinidade os fiéis que reconhecem a autoridade do Papa.

O bispo de Leiria-Fátima aludiu ao “aumento exponencial” do número de peregrinos vindos da Ásia, particularmente da China, justificando o convite dirigido a D. John Tong.

D. António Marto falou num “momento delicado e esperançoso” no diálogo entre a Santa Sé e a China, desejando que este “possa abrir caminho ao reconhecimento da Igreja Católica na China” e permita que os seus membros sejam “cidadãos plenamente católicos e plenamente chineses”.

“Queremos ter esta intenção presente nesta peregrinação, rezando para que este diálogo chegue a bom termo”, acrescentou.

Em conferência de imprensa, o bispo de Leiria-Fátima recordou ainda a “grande esperança” do diálogo na Península Coreana.

“Existe um santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima precisamente na fronteira entre as duas Coreias”, pode onde passou a imagem peregrina”, relatou.

A peregrinação vai ter presente a situação na Síria, afetada por uma “guerra surda” há 8 anos e “palco de confronto entre as grandes potências”, com centenas de milhares de mortos, entre elas 27 mil crianças.

OC

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Agência ECCLESIA

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