A responsável pela Pastoral Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Irmã Delci Franzen, anunciou esta semana que pretende lançar uma campanha nacional e internacional em favor da federalização das investigações sobre o assassinato da missionária Dorothy Stang, ocorrido a 14 Fevereiro em Anapu, no estado do Pará, Amazónia. A Irmã Delci sugeriu que as pessoas interessadas no caso enviem cartas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro do STJ, Arnaldo Esteves, que analisa o pedido do procurador-geral, pedindo a federalização do inquérito, ou seja, o deslocamento da jurisdição sobre o caso da Justiça do Estado para a Justiça Federal. A decisão é política, já que retira ao governo e à justiça do estado do Pará a responsabilidade de apurar e julgar o crime. Dorothy Stang, de 74 anos, foi morta com seis tiros à queima-roupa por atiradores a soldo de um fazendeiro. A religiosa vivia há mais de 30 anos na região, onde trabalhava em defesa dos direitos humanos e do ambiente, e tinha já recebido diversas ameaças de morte. Nas margens do rio Anapu, a Ir. Dorothy Stang desenvolvia um projecto agrícola ecológico com a população dos sem- terra. O coordenador da Comissão Pastoral da Terra afirmou que, no ano passado, pelo menos 37 pessoas foram ameaçadas de morte e que o Instituto das Terras do Pará não exerce qualquer controlo sobre a situação.