Igreja/Braga: «Não ter trabalho ou casa é dos maiores atentados contra a dignidade humana» – Trabalhadores Cristãos

Encontro de formação deixou apelo a «uma voz mais forte nesta denúncia», por parte da hierarquia católica

Braga, 26 mar 2024 (Ecclesia) – A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos – LOC/MTC na Arquidiocese de Braga apelou à “hierarquia da Igreja” para que tenha uma “voz forte” na denúncia de situações como a falta de casa ou de trabalho.

“Nesta hora de atentados permanentes contra a dignidade humana, os presentes apelam à hierarquia da Igreja uma voz mais forte nesta denúncia. Jesus não nos vai perguntar a quantas Missas fomos, mas vai perguntar-nos por aquilo que fizemos ou deixamos de fazer pelos nossos irmãos mais aflitos”, indica uma nota enviada à Agência ECCLESIA

O movimento realizou um Encontro Diocesano de Formação, sobre o tema Trabalho e Habitação, pilares da Dignidade Humana’, este sábado, em Braga.

“Tudo aquilo que dignifica é um valor muito caro, que temos o dever de acarinhar e defender, já o que provoca a indignidade, faz corroer estes pilares de sustentação do trabalho e habitação, ou a sua falta, merecendo da nossa parte a devida contestação. Não ter trabalho ou casa para residir é um dos maiores atentados contra a dignidade humana”, lê-se no comunicado final deste encontro.

Para a LOC/MTC na Arquidiocese de Braga o tempo atual apela a recuperar valores “no sentido real da palavra”, a regressar ao que “tem mesmo valor – a começar pela vida, natureza, dignidade da pessoa, trabalho, vínculos” – como chaves da vida humana.

Os trabalhadores cristãos da Arquidiocese minhota salientam que o trabalho é “condição fundamental” para a dignidade da pessoa e o seu bem-estar, mas “não é justo que se tenha emprego e se continue a ser pobre”, o trabalho não é apenas uma forma de “ganhar algum dinheiro, que, por vezes não chega”, para fazer face às despesas mensais de uma família operária.

“Dar prioridade ao acesso ao trabalho com direitos, deve converter-se em meta central das políticas públicas”, acrescentam.

O encontro de formação, coordenado por Rui Gomes, da equipa diocesana da LOC/MTC, teve também momentos de reflexão em grupo, para serem “mais consistente” na forma de “identificar e combater” os atentados à dignidade da pessoa humana e as suas preocupações.

“Predominam os salários muito baixos que causam avançada precariedade permanente; algumas empresas continuam a apostar na deslocalização; os mais frágeis têm falta de retaguarda familiar; muitos vivem em barracos, acampamentos e quartos partilhados; os divórcios e violência doméstica são faces da mesma moeda; falta de respeito pelos trabalhadores que exercem profissão nos supermercados”, identificaram no plenário.

A partir de casos concretos, alertaram ainda para a falta de organização dos trabalhadores que “permite” serem explorados e “reina o sentido de impunidade e o oportunismo”, quer em relação à crise habitacional, quer em relação ao trabalho, “sobretudo com migrantes”.

A LOC/MTC, é um movimento da Ação Católica que, pela vivência e pelo seu testemunho da mensagem cristã, no seio dos trabalhadores, se situa na dinâmica da vida operária, participando na caminhada solidária dos trabalhadores que buscam a justiça e a sua promoção coletiva.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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