População em conflito pede demissão do presidente Daniel Ortega, acusado de abuso de poder e de corrupção
Cidade do Vaticano, 20 jul 2018 (Ecclesia) – O Conselho Episcopal Latino-Americano propõe para o próximo domingo, dia 22, um dia de oração pela Nicarágua, com vista à resolução da “dramática e dolorosa crise social e política”.
“Diante dessa situação somos chamados a ser a voz daqueles que não têm voz, para fazer valer os seus direitos, encontrar caminhos de diálogo e estabelecer a justiça e a paz”, afirma a nota assinada pelo presidente do organismo latino-americano, o cardeal arcebispo de Bogotá, D. Rubén Salazar Gómez, e pelo secretário-geral, D. Juan Espinoza Jiménez, bispo auxiliar de Morelia.
Na base desta crise na Nicarágua estão protestos que percorrem o país contra o governo do presidente Daniel Ortega, e da sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo, que estão a ser acusados de abuso de poder e de corrupção.
O político de 72 anos está no poder desde 2007, depois de já ter liderado os destinos desta nação entre 1979 e 1990, sendo que atualmente o sistema político na Nicarágua não prevê limite de mandatos.
Os responsáveis episcopais pedem “caminhos de diálogo” para a “justiça e a paz” mas, afirmam, que os direitos humanos não podem ser calados: “não fechar os ouvidos diante do clamor e do sofrimento de nossos povos e a continuar a ser líderes corajosos, por meio dos quais Deus se faz presente e guia a história de seu povo”.
O pedido foi expresso a todas as Igrejas da América latina, sendo consequência de outras manifestações públicas sobre a atual situação do país, e manifesta “proximidade e solidariedade ao povo da Nicarágua e aos seus pastores, profetas de Justiça, diante da dramática e dolorosa crise social e política lá vivida atualmente”.
De acordo com o portal «Vatican News» a Igreja na Nicarágua tem recebido mensagens de solidariedade, que se estendem à população e “vítimas do conflito”, e recentemente foram os Frades Menores de Assis que, recordando o exemplo do padre Odorico d’Andrea, pedem uma “cultura de paz” e o fim da guerra.
“Em anos de conflitos ele trabalhou muito pela paz e pela reconciliação, fazendo-se, várias vezes sob o risco de sua própria vida, um mediador da paz entre os grupos armados. À sua intercessão queremos confiar a Nicarágua e todos os seus habitantes, para que cessem as guerras e se promova uma cultura de paz”.
LS