Responsáveis católicos deixam apelos à esperança e à missão, em tempos de crise

Fátima, 08 out 2025 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima acolheu hoje a abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), com atenção particular à guerra na Ucrânia.
“O abuso perverso do poder e interesses instalados condena os indefesos a sofrer toda a sorte de violências brutais”, afirmou D. Gintaras Grusas, presidente do CCEE, citando uma carta enviada pelo Papa Francisco no início da invasão russa, em 2022.
No seu discurso inaugural, o arcebispo de Vilnius (Lituânia) sublinhou a necessidade de oração pela paz, manifestando a esperança de que os líderes mundiais “não poupem esforços para parar a guerra e abrir um diálogo construtivo”.
Os trabalhos abordam os desafios de um continente marcado pela secularização e por novas formas de exclusão, deixando mensagens em favor da comunhão, da esperança e da construção de uma Igreja “aberta a todos”.
A Assembleia Plenária do CCEE de 2025 realiza-se decorre até sexta-feira, sob o tema ‘Como ser discípulos missionários numa Europa secularizada’, num contexto mundial marcado por conflitos, especialmente na Ucrânia e no Médio Oriente.

“Por baixo da superfície da secularização, não está a ausência de fé, mas uma profunda fome espiritual que a Igreja deve reconhecer e abordar com sensibilidade renovada”, sublinhou o arcebispo Grusas, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.
Os cerca de 60 participantes foram saudados esta manhã, no Centro Pastoral Paulo VI, por D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) e pelo padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima.
Na sua palavra de boas-vindas, D. José Ornelas agradeceu a presença dos participantes, salientando que “este Santuário pode e deve ser um lugar de graça e de compromisso concreto, que renove todos no caminho da sinodalidade missionária”.
O presidente da CEP afirmou também que o contexto atual da Europa exige uma “Igreja em saída”, guiada “pela memória de Papa Francisco e agora reconfirmada por Papa Leão XIV”.
O bispo de Leiria-Fátima recordou a passagem do Papa Francisco pela Cova da Iria, durante a Jornada Mundial da Juventude de 2023, quando o pontífice descreveu o Santuário como “casa da Mãe”, sem “muros, símbolo de uma Igreja chamada a ser missionária e solidária.
“A ausência de muros permite que os que se reúnem na Casa da Mãe partam depois em missão em todas as direções, especialmente onde campeiam a violência, a guerra, o abuso e a opressão dos pequenos e pobres”, observou o presidente da CEP.
D. José Ornelas evocou ainda o sofrimento de milhões de pessoas “em Gaza, na Ucrânia, no Sudão e em tantos outros lugares do mundo”.

“É preciso derrubar, com coragem de Mãe, as muralhas que erguemos para fingirmos não ver e não deixar que nos perturbem a sede e a frustração dos migrantes que buscam uma casa de acolhimento, de solidariedade e de paz”, acrescentou.
A sessão de trabalho começou com a “ilustração da atual situação europeia”, a que se seguiu uma intervenção de Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa, sobre o tema do encontro, ‘Como ser discípulos missionários numa Europa secularizada: uma análise cultural da situação atual na Europa’.
As últimas sessões incluem uma análise sobre as ‘Perspetivas e implementação do Sínodo’, antes da divulgação do comunicado final dos trabalhos.
OC