Objetivo é buscar «critérios comuns» para atender às situações de maior «fragilidade»
Guarda, 30 jan 2016 (Ecclesia) – Os bispos das dioceses do centro do país vão encontrar-se hoje em Aveiro para debater formas de responder aos desafios que as famílias colocam à Igreja Católica, sobretudo aquelas em situação irregular ou de rutura.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, no âmbito desta iniciativa, o bispo da Guarda destaca a importância de descobrir “caminhos de resolução próximos” e “critérios comuns” para atender a estas situações, que envolvam também os leigos.
A reflexão dos bispos das dioceses do centro do país vai ter como linha de orientação a encíclica do Papa Francisco ‘A Alegria do Amor’, escrita na sequência do último Sínodo dos Bispos, que teve como tema a Família.
Integrados no documento estão temas como as uniões de facto, os contextos de divórcio e de rutura no matrimónio, os casais em segunda ou terceira união, com filhos envolvidos.
Segundo D. Manuel Felício os desafios que o Papa argentino traçou naquele documento “são claros”.
“O Papa quer que nós acompanhemos as famílias, que conheçamos cada caso, que nos empenhemos em ajudar cada casal. Nós, padres, temos que ter um relacionamento muito próximo com estas situações, e quando alguém nos vem colocar um problema nós simplificarmos“, acrescentou D. Manuel Felício.
O prelado realça a necessidade de “acolher cada um na sua situação concreta, acompanhar, discernir e integrar”, sobretudo aqueles que estão em situação de maior “fragilidade”.
“Nós temos as pessoas à procura do melhor caminho, então temos de ajudar cada família, casal, eventualmente cada pessoa a posicionar-se da melhor maneira”, aponta D. Manuel Felício, para quem também será essencial a existência de leigos, de famílias católicas que colaborem neste trabalho pastoral.
“Por exemplo, aqui na Diocese da Guarda entendemos que era importante termos um casal, uma família, que em cada conjunto de paróquias, e são 95, se disponha a ter com regularidade uma reflexão sobre que situações existem no nosso meio, que poderíamos abordar”, salientou.
O objetivo não é julgar, mas ajudar as pessoas a recomeçarem um novo itinerário no interior da Igreja Católica e ajudá-las a “chegar a uma integração plena”.
“Cada casal dentro da Igreja, qualquer que seja a sua situação, não é um excluído, tem um lugar. Não é dizer ‘tu estás condenado, vais para o inferno e acabou tudo’, não temos o direito de dizer isso. Aliás, o Papa proíbe-nos de dizer isso”, concluiu D. Manuel Felício.
O encontro dos bispos das dioceses do centro do país, dedicado aos desafios das famílias decorre na localidade de Albergaria, em Aveiro.
PR/JCP