Cardeal brasileiro Cláudio Hummes foi eleito presidente do novo organismo, que segue propostas do Sínodo especial para a região, em 2019
Cidade do Vaticano, 30 jun 2020 (Ecclesia) – A assembleia do projeto da constituição da Conferência Eclesial da Amazónia anunciou esta segunda-feioa a criação desse organismo, que vai ser presidido pelo cardeal brasileiro D. Cláudio Hummes.
“A Conferência Eclesial da Amazónia quer ser uma boa notícia e uma resposta oportuna aos gritos dos pobres e da irmã mãe Terra, bem como um canal eficaz para assumir, a partir do território, muitas das propostas surgidas na Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazónica, sendo também um vínculo que anime outras redes e iniciativas eclesiais e socioambientais a nível continental e internacional”, lê-se no comunicado oficial.
O texto, divulgado pelo portal ‘Vatican News’, recorda que o Sínodo especial para a Amazónia, em 2019, deixou a proposta de criação de “um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as Igrejas da região, que ajude a delinear o rosto amazónica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora”.
A assembleia do projeto da constituição da Conferência Eclesial da Amazónia alerta que se vivem “tempos difíceis e excecionais para a humanidade”, quando a pandemia do coronavírus “afeta fortemente a região Pan-Amazónica”, e as realidades “de violência, exclusão e morte contra o bioma e os povos que o habitam, clamam por uma conversão integral urgente e iminente”.
O comunicado considera “um sinal muito especial” que o nascimento da Conferência Eclesial da Amazónia tenha acontecido na festa de São Pedro e São Paulo, “como gesto de sua vocação para afirmar a identidade da Igreja, e de sua opção profética” e em saída missionária que surge como “um chamado inevitável para o tempo presente”.
A nova Conferência Eclesial da Amazónia foi anunciada esta segunda-feira, num comunicado assinado por D. Miguel Cabrejos Vidarte, presidente do Conselho Episcopal Latino- americano (CELAM), e pelo cardeal D. Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazónica (REPAM) e arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo, que foi eleito presidente do novo organismo da Igreja na América Latina.
D. David Martínez de Aguirre, bispo de Puerto Maldonado no Perú, foi escolhido como vice-presidente da Conferência Eclesial da Amazónia; o Comité Executivo integra D. Eugenio Coter da Bolívia, como bispo representante das Conferências Episcopais do território amazónico, e as presidências dos órgãos eclesiais regionais, que vão acompanhar “este processo de forma orgânica”, bem como três representantes dos povos originais: Patricia Gualinga do povo Kichwa-Sarayaku, do Equador; a religiosa brasileira Laura Vicuña Pereira do povo Kariri; e Delio Siticonatzi do povo Asháninka, do Perú.
O Papa Francisco convocou uma Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazónica, com o tema ‘Amazónia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral’, que se realizou de 6 a 27 de outubro de 2019, após a qual escreveu a exortação apostólica ‘Querida Amazónia’.
A região pan-amazónica tem uma extensão de 7,8 milhões de km2, incluindo áreas do Brasil, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa; dos seus cerca de 33 milhões de habitantes, 3 milhões são indígenas pertencentes a 390 grupos ou povos.
CB/OC