D. João Marcos recorda entrevista que deu e compreende a «deceção dentro e fora da Igreja» e pede «perdão»
Beja, 11 mar 2023 (Ecclesia) – O bispo de Beja afirma que “não há lugar para os abusadores no sacerdócio” e que “as suspeitas verosímeis” obrigam a tomar medidas que evitem todo o perigo sobre menores, “incluindo o afastamento das tarefas pastorais”.
“A investigação deve ser rápida e seguir as regras claras definidas pelo Papa Francisco. A colaboração com as autoridades deve ser plena e deve ser cumprida plenamente a lei civil e penal”, explica D. João marcos, num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O bispo de Beja afirma que “não há lugar para os abusadores no sacerdócio” e as suspeitas verosímeis obrigam a tomar medidas que evitem todo o perigo sobre menores, “incluindo o afastamento das tarefas pastorais”.
“As pessoas que passaram por uma situação de abuso têm de ser uma prioridade. As suas necessidades de apoio e reparação devem nortear o nosso acompanhamento.”
O bispo de Beja lembra que numa entrevista, a 7 de março, referiu que “Deus perdoa a todo aquele que se arrepende e repara os danos causados pelo mal que praticou”, e deu a entender que subestima “a enorme gravidade dos abusos sexuais de menores e que o perdão de Deus permite ao abusador retomar a sua vida normal”.
“De nenhum modo é esse o meu pensamento. Compreendo a deceção que provoquei dentro e fora da Igreja e a todos peço perdão.”
Neste contexto, em comunicado, D. João marcos clarifica o seu pensamento e afirma que “os abusos de menores são da máxima gravidade”.
“Os seus efeitos são devastadores. Se praticados por homens dedicados a Deus, são ainda mais graves e são blasfémias”, acrescentou.
A entrevista ao bispo de Beja surge na sequência da entrega de uma lista, pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja (CI) em Portugal, aos responsáveis católicos de Portugal, no último dia 3 de março.
A lista contém nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos pelo relatório final desta comissão, apresentado publicamente no dia 13 de fevereiro, no qual validou 512 testemunhos, apontando a um número de 4815 vítimas, entre 1950 e 2022.
O Vaticano disponibiliza desde 2020 um “vade-mécum” para ajudar os bispos e responsáveis de institutos religiosos no tratamento de denúncias de abusos sexuais de menores.
CB
Especial: 15 pontos para entender como a Igreja trata casos de abusos sexuais