D. Manuel Linda apela à «presença transformante» dos cristãos em todas as dimensões da sociedade
Fátima, Santarém, 11 set 2014 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança mostrou-se hoje preocupado com o que chamou de “fenómenos de fundamentalismo” e pediu a intervenção da comunidade internacional.
“Esta complexidade supõe que todas as forças/dimensões – diplomática, política, religiosa, de diálogo inter-religioso – e porventura também a força de persuasão, que são as forças armadas, deem as mãos para defender aquilo que é mais nobre, mais sagrado que é a própria vida humana exercida em liberdade”, destacou D. Manuel Linda, falando à Agência ECCLESIA em Fátima, à margem do 29.º Encontro da Pastoral Social.
Sobre o conflito no Iraque, com o avanço do Estado Islâmico, e a inação das Nações Unidas, o bispo das Forças Armadas e de Segurança disse não querer criticar esta organização, mas friou que a mesma não nasceu para “ser simplesmente espetadora”.
“Os Estados que não querem perder hegemonia nunca lhe deram os meios indispensáveis para que as Nações Unidas pudessem funcionar como força dissuasora. Hoje é um organismo burocrático que na prática não tem uma atuação muito grande no terreno”, observou.
Para o prelado, “o mundo não é tão simples e linear” mas “complexo” e quando se assinalam os 13 anos do ataque às Torres Gémeas que originou milhares de mortes, a 11 de setembro de 2001, a atualidade revela-se igualmente instável.
A União Europeia aprovou sanções económicas contra a Rússia pelo conflito no leste da Ucrânia, mas adiou-as pelo cessar-fogo alcançado entre os dois países, uma posição que para D. Manuel Linda não é mais forte pela ausência de “uma política externa comum” que torna “muito difícil falar a uma única voz”.
“Preocupa-me uma Europa que em nome da economia mete na gaveta os Direitos Humanos, a paz ou a segurança. Os Direitos Humanos são tipicamente europeus, este é o nosso valor acrescentado maior”, acrescentou o prelado.
O vogal da Comissão Episcopal da Pastoral Social apelou ainda à “presença transformante” dos católicos na sociedade, transmitindo uma “noção de serviço”, e pediu à Igreja “maior contacto com o povo”.
“O nosso papel hoje é fazer lembrar a todos os cristãos, seja aos pastores, seja ao mais simples dos fiéis, esta dimensão da presença transformante no mundo, mas insisto que, embora nem seja seguida por todos a 100%, também nunca foi esquecida na totalidade”, refere.
“Se há recados a fazer é para o interior da Igreja não é para o exterior”, explica o bispo das Forças Armadas e de Segurança, quando questionado se este mandato do encontro, de contactar com as pessoas e conhecer a realidade também podia ser aplicado aos políticos portugueses.
“Se o político for católico, evidentemente deve pensar também nesta dimensão”, disse D. Manuel Linda.
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