Igreja/Bioética: Hospital londrino rejeita transferência do bebé Charlie Gard para Roma

Máquinas que mantêm criança inglesa viva vão ser desligadas sem consentimento paterno

Cidade do Vaticano, 04 jul 2017 (Ecclesia) – O Hospital 'Bambino Gesù', propriedade da Santa Sé, em Roma, mostrou-se disponível para acolher o bebé inglês Charlie Gard, afetado por uma doença genética rara incurável, mas a proposta foi recusada.

A presidente do 'Bambino Gesù', Mariella Enoc, anunciou esta segunda-feira ter pedido ao diretor de Saúde da instituição para verificar, junto do hospital inglês onde Charlie está internado, se existem condições para uma eventual transferência para Roma.

Já na terça-feira, em declarações aos jornalistas, a responsável adiantou que a proposta foi rejeitada por "motivos legais".

O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos autorizou na última semana que fossem desligados os aparelhos que o mantêm vivo.

O Papa já manifestou o seu apoio aos pais da criança, de 10 meses.

“O Santo Padre acompanha com afeto e comoção o caso do pequeno Charlie Gard e manifesta a sua proximidade aos seus pais. Reza por eles, fazendo votos de que não seja negligenciado o seu desejo de acompanhar e cuidar do próprio filho até o fim”, refere um comunicado divulgado este domingo pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

A mensagem reforçou o apelo deixado pelo Papa na sexta-feira, através da rede social Twitter: "Defender a vida humana, sobretudo quando está ferida pela doença, é um dever de amor que Deus confia a todos".

Mariella Enoc assinala que "as palavras do Santo Padre em relação ao pequeno Charlie sintetizam bem a missão do Hospital Bambino Gesù”.

O Hospital pediátrico londrino ‘Great Ormond Street’ – onde está internado o bebé– emitiu uma nota, após a decisão do Tribunal Europeu, no qual anunciava a decisão de conceder aos pais e ao pequeno Charlie “mais tempo juntos como família”.

Os tribunais entendem que manter o bebé ligado às máquinas apenas prolonga o seu sofrimento, por não haver esperança de recuperarão da doença.

Connie Yates e Chris Gard viram assim travada a sua intenção de levar o seu filho para os EUA, onde seria submetido a um tratamento experimental.

D. Vincenzo Paglia, presidente da Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé), lançou um apelo em favor do respeito pela vontade dos pais, sublinhando que este caso “toca” as pessoas pela sua dimensão de “dor e de esperança”.

“Não se pode nunca levar a cabo algum gesto que termine intencionalmente uma existência humana, incluindo a suspensão da alimentação e da hidratação”, assinalou o arcebispo italiano.

Para este responsável, é necessário também ter noção dos “limites do que é possível fazer”, em termos médicos, num “serviço ao doente que deve prosseguir até à morte natural”.

D. Vincenzo Paglia pede que seja “respeitada e ouvida a vontade dos pais” e que, ao mesmo tempo, eles recebam ajuda para “reconhecer a gravosa peculiaridade da sua condição, de tal forma que não podem ser deixados sozinhos para tomar decisão tão dolorosas”.

OC
Notícia atualizada às 23h07 de 04.07.2017

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Agência ECCLESIA

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