Celebração do VI Domingo da Palavra de Deus, convocada pelo Papa, aponta ao fundamento do Jubileu 2025
Portimão, 24 jan 2025 (Ecclesia) – O padre Mário de Sousa, coordenador da comissão responsável pela nova tradução da Bíblia, sublinhou a necessidade de manter “os símbolos, as parábolas”, ao transmitir o texto original a cada leitor.
“A Bíblia tem uma linguagem não tanto informativa, mas muito mais evocativa. Se numa tradução se perdem os símbolos, as parábolas, esse substrato, digamos assim, de uma linguagem evocativa, é uma pobreza”, refere o presidente da Associação Bíblica Portuguesa, em entrevista à Agência ECCLESIA.
O especialista admite que, nos últimos anos, têm vindo a procurar equilíbrio entre a literalidade e a atenção ao leitor contemporâneo, “respeitando, naturalmente, o sentido do texto e a construção do texto, mas procurando que ele seja também um texto belo, onde, na beleza da construção, se sinta a beleza da presença de Deus”.
“Se isso não se respeita, perde-se um bocadinho a natureza do texto bíblico”, acrescenta.
Não é fácil este equilíbrio entre manter as imagens das origens, as parábolas, esse símbolo e significado do autor bíblico, e fazer que seja percetível para o leitor de hoje”.
O responsável falava a respeito da celebração do VI Domingo da Palavra, iniciativa criada pelo Papa Francisco, que a Igreja Católica celebra este domingo.
Em março de 2019, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) apresentou o primeiro volume da nova tradução da Bíblia em português feita por 34 investigadores a partir das línguas originais, com a publicação da edição de ‘Os Quatro Evangelhos e os Salmos’.
A tradução provisória foi disponibilizada para download no site da CEP, tendo sido pedidas sugestões e comentários aos leitores, num trabalho que “envolve a comunidade”.
Desde agosto de 2021, um novo livro da Bíblia é disponibilizado mensalmente em formato digital e divulgado pela Agência ECCLESIA.
A celebração do próximo domingo aconteceu no contexto do Jubileu 2025, que o Papa dedicou ao tema da esperança.
Para o padre Mário de Sousa, os católicos são chamados a viver um “caminho de libertação que leva ao júbilo, ao Jubileu da presença de Jesus que liberta, que cura e que salva”.
O lema escolhido pelo Papa Francisco para a edição de 2025 é um versículo do Salmo 119, ‘Espero na tua Palavra’.
“É uma expressão muito bonita e que brota de um coração confiante e a esperança é, de facto, resultado da confiança, da fé. E a fé, naturalmente, por sua vez, é resultado da fidelidade de Deus”, indica o coordenador da comissão responsável pela nova tradução da Bíblia, promovida pela CEP.
O biblista sublinha que, no salmo 119, o autor “faz esta experiência das infidelidades constantes, das circunstâncias da vida, da inconstância”, nas quais Deus se mantém “fiel”.
“Ao longo dos tempos acontecem sempre momentos de luz em que nós permitimos que Deus se manifeste de uma forma mais intensa e momentos de trevas em que o afastamos, afastamos a sua luz das circunstâncias concretas da nossa vida e da vida da humanidade”, acrescenta.
O VI Domingo da Palavra de Deus é celebrado em todas as dioceses católicas.
OC