Jornadas dos Bens Culturais da Igreja começaram com preocupações sobre o «cuidado» e a formação

Almada, 17 out 2025 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa está a realizar as segundas Jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja, um património que “é, em si mesmo, um lugar privilegiado ideal entre a fé e a cultura”, sobre o tema da “conservação e restauro”.
“Este património é, em si mesmo, e antes de mais, um lugar privilegiado ideal entre a fé e a cultura, mas, também, com implicações muito relevantes noutras dimensões da promoção do bem comum. Nomeadamente, no âmbito do turismo, incluindo o turismo religioso, e, consequentemente, na economia, no emprego, e na valorização dos vários patrimónios locais”, disse D. Fernando Paiva, da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, da Igreja Católica em Portugal, na sessão de abertura destas jornadas, no Santuário de Cristo Rei.
O bispo de Beja começou por salientar “a importância dos Bens Culturais na vida e na missão da Igreja”, e a importância do seu restauro e conservação, também “a partilha das boas práticas”, porque a valorização deste património artístico “tem, por suposto, a relevância que a Igreja sempre deu e dá à arte nas suas várias expressões”, como a pintura, a escultura e a arquitetura.
O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, da Conferência Episcopal Portuguesa, está a realizar as suas segundas jornadas, dedicadas ao tema da conservação e do restauro, esta sexta-feira, dia 17 de outubro, no Santuário do Cristo-Rei, com a presença de representantes de 15 dioceses.
O bispo de Beja, membro da Comissão Episcopal que integra o setor dos Bens Culturais em Portugal, lembrou a importância histórica das obras de arte “verdadeiras catequeses esculpidas ou pintadas”, e realçou que no atual contexto cultural, “sobretudo no mundo ocidental, marcado pelo relativismo ético e museológico”, as obras de arte sacra “têm também um papel muito importante”, porque “a via da beleza ganhou uma renovada relevância, sobretudo no contexto do primeiro anúncio da fé, sem omitir outras dimensões”.
“Mesmo sem o analfabetismo, mesmo sem os relativismos, a via da beleza e a arte, nas suas várias expressões, terão sempre uma presença necessária na expressão da fé. A arte na sua linguagem própria sabe dizer aquilo que o discurso mais relacional nem sempre consegue dizer totalmente, ou não consegue dizer a todos.”

O bispo de Setúbal, diocese que acolhe estas segundas Jornadas da Pastoral dos Bens Culturais da Igreja, destacou a importância do cuidado com as intervenções neste setor e da formação porque se cometem “muitos crimes no país em volta dos bens culturais”, mas “ainda não foi ninguém preso”.
“Há coisas que depois não têm retorno; os nossos sacerdotes, os nossos diáconos, os agentes pastorais têm de ser urgentemente e obrigatoriamente formados para a sensibilidade nesta área, porque, nos tempos que vivemos, esta carga dos bens culturais distingue-nos particularmente”, explicou D. Américo Aguiar.
“Se nós não somos capazes nem de cuidar do que está feito, nem de produzir para o futuro de novas gerações novos bens culturais, então estamos um bocadinho a não corresponder aquilo que é a nossa vocação.”
O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja Católica em Portugal está a realizar estas jornadas no âmbito do Dia Nacional dos Bens Culturais, celebrado anualmente a 18 de outubro, Dia de São Lucas, e, este sábado, têm a reunião anual do seu conselho nacional, com os delegados nomeados por cada diocese.
O diretor das Comissões Diocesanas de Arte Sacra e do Património Arquitetónico e Histórico-Artístico de Setúbal destacou que a temática destas jornadas “é sensível para todos”, e muito importante, agradecendo, “de forma particular, a presença dos conservadores, restauradores, que não estão particularmente ligados às dioceses”, porque “é bom” poderem falar, debater, ter “boas práticas, para mais e melhor, defender o património”.
“Tantas e tantas vezes, como as fotografias que estão lá fora mostram, parece que está cuidado e preservado e, de facto, não está: não basta pintar, não basta restaurar, há que cuidar de uma coisinha que, às vezes, há um abismo”, acrescentou o padre Casimiro Henriques, na sua intervenção inicial. Já o reitor do Santuário Nacional de Cristo Rei, em Almada, o padre Carlos Silva, partilhou o desejo que este encontro fosse para o próprio santuário, que “tem o seu lugar dentro deste universo da arte, do restauro, da conservação, do património”, para a Diocese de Setúbal e para os participantes “um sinal, um incremento”, de terem o “cuidado com aquilo que é um património sagrado, sacro, porque é uma expressão da fé”. |
HM/CB
Património: Jornadas centradas na conservação e restauro dos bens culturais da Igreja