Igreja/Beja: Evangelizar sem olhar a cores políticas

D. António Vitalino, bispo emérito da diocese, fala à Agência ECCLESIA dos tempos passados no Alentejo

Beja, 04 nov 2016 (Ecclesia) – O bispo emérito de Beja, D. António Vitalino, disse à Agência ECCLESIA que sempre se relacionou “bem com os comunistas” e tentou “fazer dos alentejanos missionários”.

D. António Vitalino completou 75 anos de idade esta quinta-feira e, como prescreve o Código Direito Canónico, apresentou a sua renúncia ao Papa, que a aceitou e deixou os destinos da diocese alentejana a D. João Marcos, até então bispo coadjutor.

Na última edição do Semanário ECCLESIA, publicada hoje, o bispo emérito de Beja olha para os 17 anos passados naquele território alentejano e realça: “Aqui, não vemos as nossas pertenças, mas as pessoas”.

Ao recordar o tempo passado na diocese alentejana, D. António Vitalino sublinha que o seu legado “é mais da atenção real às pessoas concretas” que o abordavam.

O prelado sucedeu a D. Manuel Franco Falcão em 1999 e realizou um trabalho “que não se vê muito, mas é essencial: cuidar da administração da diocese”.

“É um aspeto, às vezes, um pouco ingrato porque toca na carteira, na vida e nos hábitos das pessoas” porque “muitos estavam habituados a levar a sua vida e a não partilhar”, frisou D. António Vitalino.

Como bispo diocesano, apostou nas relações humanas e não se inibia de “dialogar com os alentejanos numa taberna”, porque naquela região “os homens vão pouco à Igreja”, ao “contrário das mulheres”.

“Os alentejanos gostam de conviver e partilhar, mas tem de ser no seu ambiente”, disse na entrevista ao Semanário ECCLESIA.

Ao longo das últimas duas décadas, assistiu a mudanças no Alentejo, “tanto a nível económico como na agricultura”; a barragem do Alqueva – “que tem fins múltiplos” – deu nova vida ao Alentejo.

“A pior desertificação que pode haver é a humana e a espiritual” e, “infelizmente, no centro alentejano, ela continua a existir”, lamentou o prelado, natural do Minho.

Nas últimas duas décadas, a Diocese de Beja perdeu “mais de 20 mil habitantes”, no entanto, “o litoral alentejano continue mais ou menos com a mesma população”.

LFS

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