D. Francisco Senra Coelho comenta pedido do Papa Leão XIV aos bispos para que sejam «firmes» no combate a situações de abuso

Évora, 29 jun 2025 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora reiterou esta sexta-feira a “tolerância zero” contra os abusos sexuais no interior da Igreja Católica, defendendo que esta tem de ser um espaço seguro.
“É evidente que os abusos têm tolerância zero, temos que estar atentos no sentido de prevenir, de formar, de ter uma atenção muito grande para que não haja recantos de surpresa, e não há qualquer dúvida sobre a missão de um bispo neste trabalho”, afirmou D. Francisco Senra Coelho, em declarações à Agência ECCLESIA na passada sexta-feira.
Segundo o arcebispo, “não há lugar para distrações, não há lugar para facilitismos, por um lado”, falando depois da importância do acompanhamento das pessoas, na proximidade e no compromisso.
D. Francisco Senra Coelho comentava o discurso do Papa Leão XIV aos bispos, na passada quarta-feira, na Basílica de São Pedro, num encontro por ocasião do Jubileu, em que lhes pediu que sejam “firmes” no combate aos abusos.
“Sobre o tema da segurança dentro da igreja, temos procurado em Évora formar, já tivemos encontros com todas as partes da diocese, as paróquias, as catequeses, os centros sociais paroquiais, os escuteiros, a formação para a prevenção, e estamos atentos também a gerar com cuidado observadores, para em qualquer circunstância, imediatamente reagirmos”, relatou.
Para o arcebispo de Évora, “não há lugar a dúvidas” perante os abusos, “nem a cedências”: “Temos de ter uma Igreja segura, uma Igreja acreditada, porque o sítio mais seguro tem que ser a Igreja”.
Infelizmente, tivemos algumas situações de debilidade, de descrédito, mas acredito que o esforço que estamos a fazer vai trazer de novo à Igreja a credibilidade que ela merece e tem a obrigação de construir. É nosso dever. Não há lugar para dúvidas sobre isso, nem hesitações”, enfatizou.
D. Francisco Senra Coelho defende “atuação imediata” face a estas situações, bem como “formação, prevenção e vigilância”.
O Vaticano acolheu o Jubileu dos Bispos, inserido no Ano Santo 2025, na passada quarta-feira, que contou com participação portuguesa; o arcebispo de Évora esteve no local na altura desta celebração jubilar, mas por ocasião da segunda peregrinação jubilar arquidiocesana a Roma.
O entrevistado salienta que “o bispo é alguém que não vive para si”, mas “com os irmãos, com os presbíteros, com os diáconos, com o laicado”, acrescentando que a “sua vida é a sua dádiva, é a sua doação”.
“Somos homens de comunhão e temos que saber construir a comunhão. A comunhão faz-se pela transparência, pela sinodalidade, na escuta atenta do outro e na construção de uma decisão sinodal que significa discernida, depois de escutada, rezada, discernida. Não podemos ter uma relação vertical, piramidal, mas uma relação redonda, no sentido de sinodal”, defendeu.
LJ/OC
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