O corte de relações com a Igreja Episcopal e a consequente cisão da Igreja Anglicana serão uma realidade caso o presidente da comunhão, Rowan Williams, aceite a nomeação de um homossexual assumido para o cargo de bispo de New Hampshire, nos EUA. O arcebispo da Cantuária declarou hoje à BBC que, pessoalmente, se opõe à ordenação episcopal de um homossexual, até porque esse facto ameaça mergulhar a igreja anglicana “numa grave crise”. Rowan Williams defende, portanto, que esta decisão deveria ser “tomada em conjunto e não por uma igreja particular”. Nenhuma solução saiu, porém, da reunião extraordinária que durante dois dias juntou, em Londres, os mais altos representantes da Igreja Anglicana em busca de um consenso em torno do papel dos homossexuais na comunidade, depois da convenção episcopal ter confirmado a nomeação de Gene Robinson para o cargo de bispo, situação que provocou polémica junto da facção anglicana mais conservadora. O consenso parecia ser, no final da reunião de quarta-feira, uma forte possibilidade, mas no final do dia de ontem o comunicado conjunto onde eram referidas as principais conclusões do encontro voltava a evidenciar que o entendimento é quase impossível. “Se a consagração se verificar, então isso significa que atingimos um ponto crítico na vida da Comunidade Anglicana e que o seu futuro pode estar em risco”, podia ler-se no documento. O texto refere também que a designação oficial de Robinson, agendada para o dia 2 de Novembro, “não será certamente reconhecida pela maioria da comunhão, e conduzirá a outro tipo de divisões, mesmo dentro da Igreja Episcopal”. A facção conservadora norte-americana terá já planeado uma ruptura total com a Igreja Episcopal (mais liberal), assumindo-se como o corpo fundamental da corrente nos Estados Unidos. Rowan Williams terá também que organizar uma comissão e apresentar os resultados de uma pesquisa sobre a presença de homossexuais na comunidade cristã.