Movimento católico apela à «solidariedade com comunidades, povos indígenas e trabalhadores»
Lisboa, 09 jun 2020 (Ecclesia) – A Pax Christi Internacional denunciou a exploração de “empresas multinacionais de mineração”, que estão a lucrar com a pandemia de Covid-19, unindo-se a mais de 300 organizações do mundo, onde se contam também Comissões Episcopais de Justiça e Paz.
“Condenamos o modo como a indústria de mineração e muitos governos estão a agir, durante a pandemia do Covid-19, para encontrar novas formas de extração dos recursos minerais”, lê-se numa declaração do Movimento Católico Internacional para a Paz.
Na informação divulgada pelo sítio online ‘Vatican News’, a Pax Christi Internacional alerta para a situação particular das comunidades indígenas, que, muitas vezes, são as mais vulneráveis em seu direito de consentimento livre, prévio e notificado, diante do empobrecimento dos seus territórios ancestrais.
O movimento explica que a extração de recursos é uma das indústrias “mais destruidoras do mundo” e as empresas de mineração estão “a tentar aproveitar-se da crise atual” para encontrar “novas formas de mineração e estabelecer uma imagem pública positiva, hoje e no futuro”.
‘A solidariedade global com comunidades, os povos indígenas e os trabalhadores, que correm risco pelos especuladores da pandemia de mineração’ é o título do documento da Pax Christi Internacional que identifica “as ameaças mais urgentes”, a partir de colóquios com as comunidades afetadas, os trabalhadores, as organizações da sociedade civil e “mais de 500 fontes de notícias”.
A organização alerta para as ameaças em quatro pontos: “As empresas de mineração ignoram as ameaças reais da pandemia e continuam a agir com todos os meios disponíveis; “Os governos estão a adotar medidas extraordinárias para bloquear os protestos legítimos e promover o setor de mineração, imunes de supervisão e de críticas da opinião pública”.
Segundo a Pax Christi, as empresas de mineração estão a usar a pandemia como uma oportunidade para “franquear intenções desonestas, apresentando-se como salvadoras”, através de doações, que “representam uma ameaça de corrupção e impunidade” e, no quarto e último ponto, alerta para o aproveitamento das empresas de mineração e dos para “assegurar uma mudança nos padrões reguladores, para favorecer a indústria, à custa das pessoas e de todo o planeta”.
O Movimento Católico Internacional para a Paz reafirma a sua condenação das respostas à pandemia de Covid-19 “como atos de agressão que exacerbam as ameaças e os riscos”, que afetam diariamente comunidades, povos indígenas, defensores da terra e mineiros” e rejeita o conceito de mineração como um “serviço essencial”.
As organizações – Pax Christi Internacional, Comissões Episcopais de Justiça e Paz, associações e ONG católicas, Cáritas nacionais – que subscrevem o documento apelam aos governos para que respeitem e apoiem os processos autónomos de organização e autodeterminação das comunidades afetadas pela mineração e dos povos indígenas.
CB