Francisco publica Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação
Cidade do vaticano, 21 jul 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje a uma ação “urgente” da comunidade internacional para travar os efeitos das alterações climáticas e evitar uma “catástrofe ecológica”.
“Alcançar o objetivo de Paris de limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus celsius é bastante árduo e requer uma colaboração responsável entre todas as nações para apresentar planos climáticos, ou contribuições determinadas a nível nacional, mais ambiciosos, para reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos gases com efeito de estufa”, escreve, na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que se celebra a 1 de setembro.
Francisco defenda a transformação de modelos de consumo e produção, bem como dos estilos de vida, “numa direção mais respeitadora da criação e do progresso humano integral de todos os povos presentes e futuros”.
A jornada de oração inaugura o ‘Tempo da Criação’, iniciativa ecuménica que termina a 4 de outubro, com a festa de São Francisco de Assis.
A mensagem repete o alerta contra a “catástrofe ecológica” feito por São Paulo VI, em 1970, sublinhando o “grito amargo” da natureza e dos pobres.
Gritam também os mais pobres entre nós. Expostos à crise climática, sofrem mais severamente o impacto de secas, inundações, furacões e vagas de calor que se vão tornando cada vez mais intensas e frequentes. E gritam ainda os nossos irmãos e irmãs de povos indígenas”.



O Papa aponta à próxima cimeira sobre o clima, que se vai realizar no Egito em novembro de 2022, como “a próxima oportunidade para promover, todos juntos, uma eficaz implementação do Acordo de Paris”.
Simbolicamente, a Santa Sé decidiu aderir à Convenção-Quadro da ONU sobre as Mudanças Climáticas e ao Acordo de Paris.
O texto repete o apelo deixado numa mensagem aos Movimentos Populares, a 16 de outubro de 2021: “Quero pedir, em nome de Deus, às grandes empresas extrativas – mineiras, petrolíferas, florestais, imobiliárias, agroalimentares – que deixem de destruir florestas, zonas húmidas e montanhas, que deixem de poluir rios e mares, que deixem de intoxicar as pessoas e os alimentos”.
Francisco destaca a “dívida ecológica” das nações economicamente mais ricas, que poluíram mais nos últimos dois séculos, e assinala que a transição energética “não pode negligenciar as exigências da justiça, especialmente para com os trabalhadores mais afetados pelo impacto das mudanças climáticas”.
| Para impedir um colapso ainda mais grave da ‘rede da vida’ – biodiversidade – que Deus nos concedeu, rezemos e convidemos as nações a porem-se de acordo sobre quatro princípios-chave:
1º – construir uma base ética clara para a transformação que precisamos a fim de salvar a biodiversidade; 2º – lutar contra a perda de biodiversidade, apoiar a sua conservação e recuperação e satisfazer de forma sustentável as necessidades das pessoas; 3º – promover a solidariedade global, tendo em vista que a biodiversidade é um bem comum global que requer um empenho compartilhado; 4º – colocar no centro as pessoas em situações de vulnerabilidade, incluindo as mais afetadas pela perda de biodiversidade, como as populações indígenas, os idosos e os jovens. (Papa Francisco) |
O Papa pede que o ‘Tempo da Criação’ reze pelas próximas cimeiras internacionais, para que a humanidade possa “enfrentar decididamente a dupla crise do clima e da redução da biodiversidade”.
“Choremos com o grito amargo da criação, escutemo-lo e respondamos com os factos para que nós e as gerações futuras possamos ainda alegrar-nos com o canto doce de vida e de esperança das criaturas”, conclui.
A mensagem foi apresentada em conferência de imprensa, no Vaticano, com a presença do prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny; a secretária-executiva adjunta da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), Ir. Mary John Kudiyiruppil; o bispo de Kidapawan, Filipinas, D. José Colin Bagaforo; e a diretora-adjunta do ‘Movimento Laudato Si’, Christina Leaño.
O cardeal Czerny mostrou o apoio do Vaticano ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis.
“Basta. Qualquer nova exploração e produção de carvão, petróleo e gás deve terminar imediatamente e a produção existente de combustíveis fósseis deve ser concluída com urgência”, declarou o colaborador do Papa
Já Christina Leaño assinalou que, nas próximas cimeiras da ONU sobre biodiversidade e clima, os católicos exigirão “uma reconversão comunitária necessária para adotar um novo acordo multilateral que impeça a destruição dos ecossistemas e a extinção de espécies”.
OC
