«O oceano não tem fronteiras políticas nem culturais», assinalou Francisco, na véspera do acordo ‘Tratado do Alto Mar’ da ONU
Cidade do Vaticano, 06 mar 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou para fenómenos alarmantes’” que afetam os oceanos que podem antes “ser um importante fator de união, um vetor de ligação, uma causa comum”, numa mensagem à oitava edição da conferência ‘Our Ocean’ (Nosso Oceano).
“Poluição dos oceanos, acidificação, pesca ilegal e pesca excessiva; o desenvolvimento da indústria extrativa no fundo do mar; tragédias de migrantes em perigo no alto mar, o tráfico de seres humanos que ocorre no mar, as duras e, por vezes ilegais, condições de trabalho dos marítimos e as tensões geopolíticas em áreas marinhas consideradas importantes”, são preocupações de Francisco, transmitidas à conferência ‘Our Ocean’ (Nosso Oceano), realizada na Cidade do Panamá.
O portal ‘Vatican News’ informa, hoje, que na mensagem assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, o Papa afirma que o oceano “pode ser um importante fator de união, um vetor de ligação, uma causa comum”, realçando a necessidade de “adotar uma visão integral de desenvolvimento e ecologia”.
Segundo Francisco, para viver esta conexão, é preciso escutar “o grito dos pobres e o grito da Terra” e rever estratégias de crescimento “baseadas no desperdício e no consumismo, em modelos injustos e insustentáveis de produção, transporte, distribuição e consumo”.
O Papa afirmou que “o oceano não tem fronteiras políticas nem culturais”, as suas correntes evidenciam “a interconexão e a interdependência entre comunidades e países”.
“Somos uma só família, partilhamos a mesma inalienável dignidade humana, vivemos numa casa comum da qual somos chamados a cuidar”, assinalou.
‘Nosso oceano, nossa conexão’ foi o tema da oitava edição da conferência ‘Our Ocean’ (Nosso Oceano), realizada na Cidade do Panamá, na quinta e sexta-feira, dias 2 e 3 de março.
A mensagem do Papa indica mais dois pontos fundamentais para viver essa “conexão com todas as realidades envolvidas”, das administrações ao setor privado, do mundo da pesquisa ao da política e da cultura, das organizações religiosas e juvenis à Comunidade Internacional.
A necessidade de união para “proteger e restaurar os ecossistemas marinhos, costeiros e fluviais”, é um desses pontos, e o outro a importância de facilitar “uma administração eficaz e uma coordenação institucional proporcional ao tamanho e complexidade do bem a ser protegido, o oceano”, lê-se no sítio online de informação do Vaticano.
Este sábado, os Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) alcançaram um acordo para o ‘High Seas Treaty – Tratado do Alto Mar’, após mais de 15 anos de negociações.
O consenso sobre este tratado do ‘Alto Mar’ foi anunciado na sede da ONU, em Nova Iorque, depois de 35 horas de reunião; a adoção formal do ‘High Seas Treaty’ vai realizar-se quando um grupo de técnicos assegure a uniformidade dos termos utilizados no documento e a sua tradução nas seis línguas oficiais Nações Unidas.
Em 2022, de 25 de junho a 2 de julho, Lisboa recebeu a II Conferência dos Oceanos, da ONU, copresidida por Portugal e pelo Quénia.
Anualmente, a Igreja Católica celebra o ‘Domingo do Mar’, no segundo domingo do mês de julho, homenageando os marinheiros e pescadores, além dos capelães e voluntários da ‘Stella Maris’ – o Apostolado do Mar, nas comunidades.
CB/OC