Celebração de 2024 apontaa tratado de não-proliferação de combustíveis fósseis
Cidade do Vaticano, 01 set 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje para o impacto da ação humana sobre a natureza, propondo uma “ecologia humana e integral”, que contrarie a exploração descontrolada de recursos naturais.
“Esta conversão consiste em passar da arrogância de quem quer dominar os outros e a natureza – reduzida a um mero objeto manipulável – à humildade de quem cuida dos outros e da criação”, escreve, na mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo para o Cuidado da Criação, que se celebra a hoje.
O texto, divulgado a 27 de junho pela Santa Sé, convida a “repensar a questão do poder humano”.
“Um poder descontrolado gera monstros e volta-se contra nós mesmos. Por isso, hoje, é urgente colocar limites éticos ao desenvolvimento da inteligência artificial, que com a sua capacidade de cálculo e de simulação poderia ser utilizada para dominar o homem e a natureza, em vez de estar ao serviço da paz e do desenvolvimento integral”, apela.
A terra está confiada ao homem, mas continua a ser de Deus. Este é o antropocentrismo teológico da tradição judaico-cristã. Por isso, pretender possuir e dominar a natureza, manipulando-a a seu bel-prazer, é uma forma de idolatria”.
O Papa retoma a advertência contra o perigo de “tomar o lugar de Deus” e reflete sobre as consequências do pecado nas “relações fundamentais da vida do homem”.
“Todas estas relações devem ser, sinergicamente, restauradas, salvas, corrigidas. Não pode faltar nenhuma. Se faltar uma, falha tudo”, sustenta.
Francisco aponta ao tema da esperança, que inspira a celebração do Jubileu 2025, defendendo que a fé e a esperança dos cristãos devem ser testemunhadas “no interior dos dramas da carne humana que sofre”, com “os olhos abertos, animados por visões de amor, fraternidade, amizade e justiça para todos”.
“A salvaguarda da criação não é apenas uma questão ética, mas é eminentemente teológica: na realidade, diz respeito ao entrelaçamento entre o mistério do homem e o mistério de Deus”, escreve.
Há uma motivação transcendente (teológico-ética) que compromete o cristão a promover a justiça e a paz no mundo, também através do destino universal dos bens: é a revelação dos filhos de Deus que a criação espera, gemendo como se estivesse com as dores do parto”.
A mensagem convida os cristãos a agir contra as “guerras fratricidas que provocam a morte de crianças, destroem cidades, poluem o ambiente”.
“Esperar e agir com a criação significa viver uma fé encarnada, que sabe entrar na carne sofredora e esperançosa das pessoas, partilhando a expectativa da ressurreição corporal a que os fiéis estão predestinados em Cristo Senhor”, conclui.
A celebração ecuménica ‘Tempo da Criação’ tem como tema, em 2024, ‘Espera e age com a criação’, decorrendo de 1 de setembro a 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis.
“Neste ano, particularmente, também estamos unindo as nossas vozes cristãs a uma iniciativa conjunta de incidência (advocacy) para apoiar o tratado de não-proliferação de combustíveis fósseis”, indicam os promotores da iniciativa, responsáveis de várias confissões cristãs.
OC