“Iniciativa interconfessional inédita” foi apresentada este sábado, em Lisboa, e pretende incentivar práticas sustentáveis e de cuidado da criação

Lisboa, 25 out 2025 (Ecclesia) – O programa e certificação ambiental «Eco Igrejas Portugal» foi lançado, este sábado, na Catedral de São Paulo, em Lisboa, e Juan Ambrósio, elemento da «Rede Cuidar da Casa Comum», uma das promotoras da iniciativa, considera que “o reconhecimento” das confissões religiosas nestas questões é “algo de relevante para a própria experiência cristã”.
O «Eco Igrejas Portugal» é uma “iniciativa interconfessional inédita” que pretende “apoiar e incentivar igrejas, comunidades de fé e outras organizações cristãs a integrarem práticas sustentáveis e de cuidado da criação”, disse Juan Ambrósio à Agência ECCLESIA
É um projeto que surge “de um diálogo entre várias sensibilidades, várias maneiras de viver o cristianismo” e isso “é uma riqueza”.
Esse exercício de cuidar “é identificativo e constitutivo da própria experiência cristã”, apontou o professor universitário e elemento da «Rede Cuidar da Casa Comum».
A experiência cristã encerra em si também “o cuidado com a criação, o cuidado com o mundo, que não é simplesmente um lugar que nós ocupamos, é um lugar que habitamos”, frisou.
“Não somos só terra, mas também somos terra, e cair na conta disto e perceber que isto pode ser critério para viver e aferir a fidelidade da fé é também uma das dimensões deste projeto e deste programa”, sublinhou Juan Ambrósio
Uma forma de passar da teoria à prática porque “chegou o momento de percebermos que não chega termos apenas afirmações gerais, que são importantes, afirmações globais, mas é preciso concretizar”.
Para o elemento da «Rede Cuidar da Casa Comum» “é fundamental” dar esses passos para não se correr o perigo de se ser “conivente com a injustiça e com os desequilíbrios”.
“Temos de facto de construir um futuro onde haja lugar para todos e onde a dignidade humana de todos possa ser promovida e sustentada”.
Este grito que a terra dá “de que não estamos a cuidar suficientemente dela, está muito ligado ao grito dos pobres, porque eles são os primeiros a sofrer os grandes impactos e as grandes consequências desta falta de cuidado”, acrescentou.
O programa «Eco Igrejas Portugal» é uma iniciativa interconfessional resultante da colaboração entre «A Rocha – Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente»; a «Aliança Evangélica Portuguesa»; o «COPIC – Conselho Português de Igrejas Cristãs», a «Conferência Episcopal Portuguesa» e a «REDE Cuidar da Casa Comum».

O presidente do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC) e bispo da Igreja Lusitana, D. Jorge Pina Cabral, disse à Agência ECCLESIA que o COPIC tem como um dos seus objetivos “o desenvolvimento de ações, de reflexões, de tarefas, celebrações ligadas ao cuidado com a criação”.
O COPIC aderiu ao programa e “está agora empenhado no seu lançamento e depois também na sua persecução”.
O projeto «Eco Igrejas Portugal» “é mais do que uma aplicação”, a “aplicação que foi apresentada “é uma ferramenta de sustentabilidade que permite que igrejas, congregações, paróquias e outras instituições possam, com essa ferramenta e ao longo de três anos, adquirir um certificado de sustentabilidade ambiental”, salientou D. Jorge Pina Cabral.
A aplicação é uma ferramenta para um fim que “agora vai desabrochar” porque a esperança nasce quando “as pessoas se envolvem em ações concretas”.
O projeto tem três anos para a certificação, mas “ que nós queremos é que depois dos três anos da certificação as igrejas e os cristãos continuem com este compromisso pela sustentabilidade da criação”, avançou o bispo da Igreja Lusitana.
Para poderem ter a certificação ambiental, as igrejas “vão ter de subscrever a certificação e, naturalmente, isso tem uma implicação financeira porque há todo um conjunto de aspetos de natureza material, de pessoas que irão às igrejas a explicar a manutenção do site, a manutenção da aplicação”.
“As igrejas recebem a proposta, devem reunir e devem refletir se querem ou não abraçar este projeto e se têm condições para o fazer”.
O ecumenismo é transversal à missão da igreja e, “portanto, deve abranger diferentes projetos em diferentes áreas da missão da igreja e a criação é uma delas”, finalizou.
LFS
