Igreja/Ambiente: Especialista elogia «ecoencíclica» do Papa Francisco

Miguel Panão sublinha definição de «ser-comunhão» como «vocação sublime» do ser humano

Lisboa, 19 jun 2015 (Ecclesia) – O professor universitário Miguel Oliveira Panão vê o documento papal ‘Laudato si’ como uma “EcoEncíclica” com que Francisco “pretende entrar em diálogo com todos” através de assuntos “científicos, sociais e políticos” que espelham décadas de “pronunciamentos” da Igreja.

“A questão ambiental é uma questão de relacionamentos e o Papa não se cansa de recordar sistematicamente ao longo de toda a Encíclica que ‘tudo está interligado’ neste planeta. Interliga ciência, política, economia, direito, teologia, filosofia, na tentativa de juntar as peças do puzzle da realidade complexa em que vivemos”, analisa.

No artigo de opinião publicado na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, o especialista adianta que a “cereja em cima do bolo” é o número 240, da encíclica onde Francisco descreve que a “vocação sublime” do ser humano é “ser-comunhão”.

O autor considera “impressionante” a quantidade de assuntos científicos, sociais e políticos que Francisco refere na encíclica, com 246 números divididos em seis capítulos.

Para o professor e investigador, Francisco “não se inibe” de fazer observações “úteis, e por vezes assertivas”, em relação à política e à economia e chama à atenção para a “necessidade de agir, em vez de discursar inconsequentemente.”

Em ‘Todos-Relação, Todos-Comunhão”, Miguel Panão apresenta os nove eixos principais da Encíclica ‘Laudato si, sobre o cuidado da casa comum’, definido pelo Papa, como: “A relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta; a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo; a crítica do novo paradigma e das formas de poder que derivam da tecnologia; o convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso”.

Os restantes eixos do documento são: “O valor próprio de cada criatura; o sentido humano da ecologia; a necessidade de debates sinceros e honestos; a grave responsabilidade da política internacional e local; a cultura do descarte e a proposta dum novo estilo de vida”.

Segundo o professor e investigador universitário “tudo culmina” em Deus-Trindade e na reflexão do Papa Francisco encontrou a “síntese” do que muitos têm aplicado ao desenvolvimento de uma ética ecológica de base Cristã.

“Para os cristãos, acreditar num Deus único que é comunhão trinitária, leva a pensar que toda a realidade contém em si mesma uma marca propriamente trinitária”, cita.

Desta forma, o autor considera que a marca que Francisco refere é a da “relacionalidade”, da “comunhão” e adverte que quando se contempla o “mundo natural com o olhar da fé” devia estar presente a etiqueta “Made in Trinity”.

A expressão 'Laudato si' (louvado sejas) remete para o 'Cântico das Criaturas' (1225), de São Francisco de Assis, o religioso que inspirou o Papa argentino na escolha do seu nome.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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