Igreja/Ambiente: Ecologia em Sistelo, as páginas «muito vivas» da encíclica «Laudato Si» na paisagem (c/vídeo e fotos)

«É um jardim bíblico, encontramos Deus a cada esquina, em cada árvore, em cada vegetação, em cada pássaro, em cada borboleta» – Padre Bruno Barbosa

Foto: Agência Ecclesia/LFS

Arcos de Valdevez, 04 ago 2020 (Ecclesia) – O pároco de Sistelo, na Diocese de Viana do Castelo, afirma que “as palavras do Papa Francisco” na encíclica ecológica e social ‘Laudato Si’ se encontram nesta localidade, conhecida pelos seus socalcos, os moinhos e os espigueiros, a água.

“Encontramos as páginas dessa encíclica muito vivas nesta paisagem, nesta ‘Casa Comum’ que é a terra, mas sobretudo na valorização do dom de Deus, desta obra criadora que é a mãe natureza”, refere o padre Bruno Barbosa em declarações à Agência ECCLESIA.

O pároco de Sistelo, no Arciprestado Arcos de Valdevez, sustenta que, além das “páginas vivas” do documento ecológica e social do Papa Francisco, lançado há cinco anos, esta localidade é também um “convite do criador”.

“Para preservarmos, para salvaguardarmos, para respirarmos deste cenário, desta grande epifania que é esta aldeia de Sistelo na sua paisagem por que é uma verdadeira manifestação da obra criadora de Deus”, acrescentou.

“É um jardim bíblico, encontramos Deus a cada esquina, em cada árvore, em cada vegetação, em cada pássaro, em cada borboleta. Estamos num verdadeiro paraíso, somos convidados a ir ao Géneses, aquele grande jardim que Deus cria para nós, para estarmos nesse belo e grande jardim e usarmos de uma forma responsável, tendo consciência de que nós não somos os proprietários”, desenvolveu o padre Bruno Barbosa no programa ECCLESIA que é transmitido esta terça-feira na RTP 2.

Localizada na Serra da Peneda, no Alto Minho, Sistelo é conhecida como o ‘Pequeno Tibete português’ por causa dos seus socalcos, mas tem outras marcas identitárias como os moinhos, os espigueiros, a água límpida do fontanário e que corre no Rio Vez, “dos mais limpos da Europa”.

Para o presidente da junta de freguesia local, este é “um caso de estudo”, uma vez que o Sistelo “sempre teve as suas características próprias”, mas, “hoje, está na boca do mundo”.

“A questão do ‘pequeno Tibete português’ foi alguém que passou por cá que se lembrou que podia ter alguma parecença e nós foi só pegar nesse nome, que acaba por soar bem e que vende muito, e dar seguimento neste caminho que temos feito”, desenvolveu Sérgio Rodrigues.

“É uma aldeia riquíssima de património ambiental, património cultural, e temos uma riqueza que foi construída, o património edificado, com o objetivo do trabalho dos socalcos”, acrescentou.

O presidente da Junta de Freguesia de Sistelo alerta, contudo, que nesta localidade e por “todo Portugal, principalmente no interior”, se assiste a “um problema gravíssimo” de despovoamento, por isso, têm de “saber aproveitar os recursos para ajudar não só a nível social, mas a nível económico e dinamizar e criar condições”.

Liliana Neves, doutoranda em História e habitante de Sistelo, salienta que a aldeia tem, pelo menos, “mais de 700 anos” e a população foi “moldando a paisagem ao longo dos séculos” para “adotar a montanha às suas necessidades e conseguir ter alimento para a sua sobrevivência”.

A entrevistada explicou que a aldeia tem “ficado marcada” por “muita emigração, inicialmente para o Brasil, depois Estados Unidos e para a França”, nos anos 60, que “manteve a ligação com as raízes e, agora, reformados regressa”, mas geração mais nova, “que emigrou nos anos 80, 90, já não regressa tanto”, levando a “uma drástica redução da população”.

Liliana Neves realça que, atualmente, a promoção de Sistelo “como monumento nacional e como paisagem cultural” leva muitos turistas à aldeia e “tem dado uma nova vida” à localidade

LFS/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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