Igreja: «Acompanhar e integrar» são objetivos de diferentes propostas para várias situações familiares

Análise de um médico e padre e de um juiz ao documento do cardeal-patriarca de Lisboa de receção do capítulo VIII da exortação apostólica «Amoris Laetitia»

Lisboa, 08 fev 2018 (Ecclesia) – O médico e sacerdote José Manuel Pereira de Almeida disse que as propostas da Igreja Católica para a família partem “de cada situação” e têm por objetivo “acompanhar e integrar” casos concretos a partir da sua “especificidade”.

Para o padre José Manuel Pereira de Almeida, o Papa propõe “abertura e novidade” na exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’ sobre a família e pede aos bispos de cada diocese que concretizem as indicações desse documento, nomeadamente para acolher casais em segunda união.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o sacerdote diz que a “Nota para a receção do capítulo VIII da exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’” do cardeal-patriarca de Lisboa é “uma proposta” na sequência da de outros bispos diocesanos, nomeadamente os da Região Pastoral de Buenos Aires e da Diocese de Roma, em que D. Manuel Clemente se baseia, indicando “alíneas operativas”.

O padre José Manuel Pereira de Almeida acrescenta que a referência à “vida em continência” dos casais em situação irregular é apresentada pelo cardeal-patriarca de Lisboa como uma proposta a ter em conta pelos cônjuges que confirmem a “validade” da primeira união, reafirmando posições da Igreja Católica ao longo das últimas quatro décadas.

“Quando a validade se confirma, não deixar de propor a vida em continência na nova situação”, é uma das seis “alíneas operativas” de D. Manuel Clemente para a receção do capítulo VIII da exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’, do Papa Francisco, sobre a família.

Para o juiz Pedro Vaz Patto, só quem vive a “fidelidade a uma promessa” e acredita na “indissolubilidade do matrimónio” coloca a possibilidade da “vida em continência”.

“É uma proposta difícil, mas há quem o faça, da mesma maneira que há quem renuncie ao casamento depois de ter sido abandonado pelo cônjuge por fidelidade a uma promessa que foi feita”, acrescentou.

Pedro Vaz Patto lembrou também que a indicação do cardeal-patriarca segue as orientações do Papa Francisco, Bento XVI e João Paulo II e da aplicação da “Amoris Laetitia’ proposta pelos bispos da Região Pastoral de Buenos Aires e da Diocese de Roma.

Num documento divulgado no dia 6 de fevereiro na página do Patriarcado de Lisboa e em vários órgãos de comunicação social, D. Manuel Clemente indicou seis “alíneas operativas” para “acompanhar e integrar” os casais em segunda união, referindo que em causa estão “circunstâncias excecionais” e que a “possibilidade sacramental” requer um discernimento “caso por caso”.

O documento do cardeal-patriarca, divulgado no contexto de uma reunião de vigários da Diocese de Lisboa, começa por afirmar que “acompanhar e integrar as pessoas na vida comunitária” deve seguir as indicações das exortações apostólicas pós-sinodais “Familiaris Consortio” de São João Paulo II, “Sacramentum Caritatis” de Bento XVI e “Amoris Laetitia” do Papa Francisco.

“Verificar atentamente a especificidade de cada caso” e “não omitir a apresentação ao tribunal diocesano, quando haja dúvida sobre a validade do matrimónio” são outros dois passos operativos propostos por D. Manuel Clemente.

O cardeal-patriarca de Lisboa diz depois: “Quando a validade se confirma, não deixar de propor a vida em continência na nova situação” e diz para “atender às circunstâncias excecionais e à possibilidade sacramental, em conformidade com a exortação apostólica e os documentos acima citados” são mais duas propostas do cardeal-patriarca de Lisboa.

D. Manuel Clemente termina a afirmar que é necessário “continuar o discernimento, adequando sempre mais a prática ao ideal matrimonial cristão e à maior coerência sacramental”.

PR

Família: Cardeal-patriarca de Lisboa indica seis «alíneas operativas» para acompanhar e integrar casais em segunda união

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Agência ECCLESIA

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